Agência de notícias
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 21h06.
O desemprego na Argentina caiu no segundo trimestre, mesmo com a leve contração da atividade econômica geral, trazendo um alívio para os trabalhadores e para o presidente do país, Javier Milei, em meio a uma lista crescente de reveses.
O desemprego no mercado de trabalho formal da Argentina recuou para 7,6% no período de abril a junho, ante 7,9% no trimestre anterior, segundo dados do governo publicados nesta quinta-feira. O desemprego ficou inalterado em relação ao ano anterior, enquanto o produto interno bruto encolheu no trimestre, quando analistas haviam projetado um leve crescimento.
Uma tendência preocupante continuou: a Argentina adicionou 178 mil empregos informais no segundo trimestre, contra apenas 45 mil empregos formais, de acordo com os dados.
A queda no desemprego é uma melhora bem-vinda para Milei em meio a uma série de reveses a menos de um mês das eleições de meio de mandato. Os investidores acompanham de perto para ver se o líder libertário conseguirá ampliar sua presença no congresso para aprovar mais reformas pró-mercado.
A taxa de desaprovação de Milei atingiu um novo recorde em setembro, quando seu partido perdeu uma votação importante na província de Buenos Aires e, como resultado, os mercados despejaram títulos argentinos e a moeda. As perdas se intensificaram na quarta-feira, quando o banco central interveio para defender o peso, que atingiu o teto da faixa de negociação estabelecida pelo governo em seu programa de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional.
Nesta quinta-feira, o banco central da Argentina fez nova intervenção no mercado de câmbio após o dólar superar o teto da banda cambial do país. Ao todo, foram injetados mais US$ 379 milhões. Em dois dias, foram despejados US$ 432 milhões no mercado, e analistas estimam que as reservas líquidas do BC argentino atualmente estejam em US$ 6 bilhões.
Apesar da queda no desemprego, o mercado de trabalho não se recuperou dos cortes históricos de austeridade no início de sua presidência. O mercado de trabalho formal do setor privado argentino ainda tem cerca de 101.000 empregos a menos — ou 2% do total — desde que ele assumiu o cargo. Indústrias como a manufatura e a construção lideram as perdas de empregos, segundo estatísticas trabalhistas separadas publicadas pelo governo até junho.
A necessidade de intervir no câmbio foi mais um revés para o presidente Javier Milei, que enfrenta uma crescente perda de popularidade e uma deterioração nos indicadores econômicos — também na quarta-feira, foi divulgado que o PIB argentino se contraiu em 0,1% no último trimestre.