Economia

O que abriu foi caixa de pandora da maluquice, diz ex-presidente do BNDES

Paulo Rabello de Castro diz para EXAME que "falta vergonha na cara de quem acusa" o banco de ter uma caixa-preta

O economista Paulo Rabello de Castro presidiu o BNDES em parte da gestão Temer (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O economista Paulo Rabello de Castro presidiu o BNDES em parte da gestão Temer (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 18 de junho de 2019 às 11h39.

Última atualização em 18 de junho de 2019 às 12h33.

São Paulo - Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre junho de 2017 e abril de 2018, durante o governo de Michel Temer (MDB), diz que não há "caixa-preta" na instituição.

"O que abriu não foi a caixa preta, foi a caixa de pandora de uma maluquice nacional", disse Rabello nesta segunda-feira (17) em entrevista para EXAME.

A tese da caixa preta, destacada por Jair Bolsonaro desde a campanha e reforçada ontem pelo porta-voz da Presidência e pelo ministro Onyx Lorenzoni, se refere a supostas irregularidades nos empréstimos do banco para internacionalização de empresas como JBS e Odebrecht.

Rabello nota que pelo menos 20 técnicos do banco interferem direta ou indiretamente em patamares diferentes em cada decisão e não falta abrir dados, "falta vergonha na cara de quem acusa".

Ele aponta que os dados de saúde financeira mostram um banco robusto e com lucro ao contrário de empresas estatais que foram vítimas de corrupção, como a Petrobras.

Também nunca se encontraram irregularidades internas após uma série de investigações de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e comissões internas do banco cujas conclusões foram encaminhadas para a Polícia Federal.

"Fez uma, duas, três avaliações e não viu nada?", diz Rabello, comparando a situação a um médico que faz uma série de exames em alguém de porte atlético e conclui que ele tem câncer por um exame visual.

Outro sinal de lisura do banco, segundo ele, é o fato de que em agosto de 2017, o BNDES foi convidado pelo Banco Central (BC), para atuar como dealer do Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab).

O status é concedido pelo BC a cada seis meses a apenas dez bancos e duas corretoras para que possam intermediar as transações de mercado do BC com títulos públicos em operações compromissadas.

"O convite representa o reconhecimento e a confiança do Banco Central acerca da qualidade operacional do BNDES, em termos de volume financeiro, eficiência e de gestão de risco e compliance", disse um comunicado do BNDES na época.

Rabello participou no final de abril na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES na Câmara dos Deputados, onde reafirmou a sua posição.

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