Tarifas: Governo Brasileiro reage às imposições de Trump (Diogo Zacarias/ Flickr)
Redação Exame
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 10h26.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira, 4, que o Brasil continuará buscando canais diplomáticos para reduzir as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O governo também está preparando um plano de contingência para setores afetados pela medida, com ações de proteção que devem ser anunciadas já na próxima semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Estamos encaminhando para o Palácio do Planalto as primeiras medidas já formatadas para que o presidente julgue a oportunidade e a conveniência, e, a partir da próxima semana, vamos poder tomar as primeiras medidas de proteção da indústria e da agricultura nacionais”, afirmou Haddad.
Apesar das especulações sobre possíveis retaliações aos produtos americanos, o ministro foi claro ao afirmar que o governo não tomou uma decisão definitiva sobre esse caminho. “O foco são as ações de proteção à indústria e ao agronegócio, não de retaliação”, disse Haddad, ao destacar que as medidas são uma reação a uma ação, que considera injustificável, contra a economia brasileira.
Segundo o ministro, o governo está trabalhando junto com os sindicatos e as entidades patronais para "calibrar" os números necessários para socorrer as empresas que serão diretamente afetadas pela tarifa americana. A expectativa é que as primeiras ações sejam enviadas ao Palácio do Planalto na próxima semana para análise e decisão do presidente.
Em relação ao custeio dessas medidas de proteção, Haddad negou que o plano de contingência envolva recursos fora da meta fiscal, conforme sugerido pelo vice-presidente Geraldo Alckmin em declaração recente.
“Nossa proposta não vai exigir o uso de recursos fora do marco fiscal. Embora o Tribunal de Contas da União (TCU) tenha dado respaldo para o uso se fosse necessário, essa não é nossa demanda inicial”, afirmou o ministro.
Após a aplicação parcial das tarifas pelos Estados Unidos, o Palácio do Planalto busca avançar nas negociações com o governo de Donald Trump. Embora as medidas de retaliação não sejam descartadas por completo, o governo brasileiro mantém o foco nas negociações para conseguir melhores condições para os produtos brasileiros, especialmente para itens como café, carnes e pescados.
Na quarta-feira, 2, Trump assinou uma ordem executiva impondo uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, mas com exceções para produtos como suco de laranja e aviões. Cerca de 45% dos produtos exportados para os EUA ficaram de fora da medida, mas 35,9% das exportações brasileiras foram diretamente impactadas, o que representa uma parte considerável da economia brasileira.
A medida deverá começar a valer em sete dias, dando ao Brasil um prazo maior para negociar condições mais favoráveis para os produtos atingidos.