Fernando Haddad e o ministro das Finanças de França, Eric Lombard (Ministério da Fazenda )
Agência de notícias
Publicado em 1 de abril de 2025 às 13h30.
Última atualização em 1 de abril de 2025 às 13h43.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 1º, que a eventual imposição de tarifas do governo americano ao Brasil seria uma "retaliação injustificável" ao estado brasileiro e causaria estranheza ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista à imprensa após a cerimônia de abertura dos Diálogos Econômicos Brasil-França, o ministro da Fazenda ressaltou que a balança comercial entre EUA e Brasil é superavitária para os americanos.
"Então nos causaria uma certa estranheza se o Brasil sofresse algum tipo de retaliação injustificável, uma vez que estamos com uma mesa de negociação desde sempre com aquele país, justamente para que a nossa cooperação seja cada vez mais forte", disse Haddad.
Haddad disse que o governo brasileiro terá conhecimento de detalhes das novas medidas protecionistas que serão impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a partir desta quarta.
"O presidente Lula já adiantou que quando a nação mais rica do mundo adota políticas protecionistas, isso parece não concorrer com a prosperidade geral, o mundo corre o risco de crescer menos, de aumentar menos a produtividade da sua economia. Nesse momento nós não podemos prever quais seriam as reações do mundo a essa política, uma vez que sequer conhecemos aquilo que será anunciado", esclareceu o ministro.
O governo americano deve anunciar as novas tarifas de importação país por país, que poderão ir de 10% a 25%. A alíquota vai incidir sobre as já existentes.
Não se sabe se as medidas começarão a valer imediatamente, ou se terão prazo para vigorar. Em Brasília, a avaliação é que o mais provável é que a elevação de tarifas ocorra de forma horizontal, afetando os principais mercados fornecedores de bens aos americanos.
Segundo autoridades do governo Lula, há algumas indicações de Washington, mas pouca clareza nos sinais. Uma possibilidade seria a imposição de tarifas que atingiriam todos os parceiros comerciais dos EUA. O outro caminho seria a aplicação de tarifas recíprocas, o que levaria o etanol brasileiro a receber um imposto idêntico ao aplicado pelo Brasil, de 18%. Nos EUA, a alíquota de importação é de 2,5%.
O anúncio de novos aumentos tarifários está marcado para a próxima quarta-feira, data que está sendo chamada por Donald Trump de "dia da libertação". Paralelamente, representantes dos governos do Brasil e dos EUA negociam um acordo que não prejudique as empresas brasileiras. Uma das saídas é a criação de cotas de importação, em que uma quantidade limitada de itens entraria em território americano sem sobretaxas.