Repórter
Publicado em 30 de julho de 2025 às 18h58.
Última atualização em 30 de julho de 2025 às 19h18.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que esta quarta-feira, 30, é um "dia sagrado da soberania", após o governo dos Estados Unidos impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e estabelecer um aumento tarifário de 50% sobre os produtos brasileiros.
A declaração do presidente ocorreu durante um evento em que foi sancionada a lei que proíbe o uso de animais em ensino, pesquisa e testes com cosméticos, nesta quarta-feira.
"A gente conseguiu, às 17 horas, sancionar uma lei que defende a soberania animal. As criaturas de Deus que têm como habitat natural o planeta Terra, ou seja, não vão ser mais cobaias de experiências neste país. Eu estou saindo daqui com pressa, porque eu vou me reunir ali para defender outra soberania, a soberania do povo brasileiro em função das medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos. Então, hoje, para mim, é o dia sagrado da soberania, de uma soberania de coisas que eu gosto, dos animais e dos seres humanos", disse Lula.
O governo de Donald Trump impôs nesta quarta-feira, 30, sanções ao ministro Alexandre de Moraes por meio da Lei Magnitsky (Magnitsky Act), uma legislação destinada a punir estrangeiros envolvidos em violações de direitos humanos. A decisão foi publicada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro dos Estados Unidos.
Na mesma data, Trump assinou uma ordem executiva que estabelece uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. A medida inclui uma extensa lista de exceções, como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
Essa é a segunda medida que atinge diretamente o ministro do STF. Em 18 de julho, o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou em suas redes sociais que Moraes, seus familiares e "seus aliados" na corte estariam proibidos de entrar no país.
A pressão do governo dos Estados Unidos começou a ter efeitos em 9 de julho, quando Trump anunciou tarifas adicionais de 50% ao Brasil, justificando que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sendo perseguido pelo STF com a colaboração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O governo americano argumenta que Moraes realiza uma "caça às bruxas política" contra Bolsonaro e alega que viola direitos fundamentais não apenas dos brasileiros, mas também dos cidadãos americanos.
A medida foi adotada após o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e outros aliados do ex-presidente terem se deslocado a Washington em busca de sanções contra o ministro.
A Lei Magnitsky é um mecanismo legal dos Estados Unidos, sancionado em 2012 durante a Presidência de Barack Obama, que permite a aplicação de sanções econômicas a indivíduos acusados de envolvimento em corrupção ou graves violações de direitos humanos.
A legislação foi inspirada na morte de Sergei Magnitsky, advogado russo que denunciou um esquema de corrupção envolvendo autoridades da Rússia e que faleceu em uma prisão de Moscou em 2009.
Inicialmente voltada para punir os responsáveis pela morte de Magnitsky, a lei passou a abranger, em 2016, qualquer indivíduo ou grupo ligado a práticas de corrupção, ou abuso de direitos humanos, ampliando significativamente seu escopo.
Logo após as sanções contra Alexandre de Moraes, Donald Trump assinou uma ordem executiva que oficializa a tarifa de importação de 50% sobre os produtos brasileiros. A medida entrará em vigor daqui a sete dias.
A medida, no entanto, isenta uma série de produtos que o Brasil exporta aos EUA, incluindo suco de laranja, minérios, aeronaves e petróleo. A lista completa soma cerca de 700 itens.
Ao mesmo tempo, a taxa vai incidir sobre outros itens importantes da pauta de exportações brasileiras, como a carne e o café, o que poderá inviabilizar exportações brasileiras.
A ordem assinada nesta quarta-feira coloca 40% adicionais de tarifas sobre a taxa de 10% anunciada em abril, adotada para todos os países, somando 50%. Assim, os itens isentos agora ficarão com tarifa de 10%.
Como justificativa, o governo americano disse que a medida é uma "resposta a políticas, práticas e ações recentes do governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos", disse a Casa Branca, em comunicado.
"O presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos da perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão nos EUA contra a censura e salvando a economia americana de estar sujeita aos decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico", diz a nota.