Economia

IPCA-15: prévia da inflação de junho desacelera e fica em 0,04%

Os dados foram divulgado nesta terça-feira, 27, pelo IBGE. O resultado ficou levemente acima das estimativas dos analistas do mercado financeiro

IPCA-15:  (Buda Mendes/Getty Images)

IPCA-15: (Buda Mendes/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 27 de junho de 2023 às 09h06.

Última atualização em 27 de junho de 2023 às 09h24.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), indicador considerado a prévia da inflação oficial do Brasil, fechou junho com alta de 0,04%, desaceleração após a alta de 0,51% em maio. Os dados foram divulgado nesta terça-feira, 27, pelo IBGE.  O resultado ficou levemente acima das estimativas dos analistas do mercado financeiro.

Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 3,40%, abaixo dos 4,07% observados nos 12 meses anteriores. O IPCA-E, acumulado trimestral do IPCA-15, ficou em 1,12%, menor que a taxa de 3,04% registrada no mesmo período do ano passado.

A nova desaceleração do IPCA-15 deve pressionar o Banco Central para começar a cortar a taxa de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece em agosto. Na ata da última reunião, divulgada nesta manhã, a maioria do comitê condiciona um corte dos juros na próxima reunião com a continuação do processo desinflacionário em curso. 

Quanto ficou o IPCA-15 de junho?

  • Prévia da inflação de junho: 0,04%
  • Prévia da inflação nos últimos 12 meses: 3,40%

    Por que o IPCA-15 caiu em junho?

    O IBGE aponta que a redução do preço dos combustíveis realizado pela Petrobras favoreceu na queda do índice em comparação com o mês de maio. Nos Transportes (-0,55%), a variação negativa foi puxada em grande medida pela queda nos combustíveis (-3,75%). 

    A gasolina (-3,40%) foi o subitem com o maior impacto individual (-0,17 p.p.) no IPCA-15 de junho. Os demais combustíveis também sofreram recuo nos preços: óleo diesel (-8,29%), etanol (-4,89%) e gás veicular (-2,16%). 

    Além disso, os preços do automóvel novo caíram 0,84% e contribuíram com -0,03 p.p. no índice do mês. Ainda em Transportes, as passagens aéreas registraram alta de 10,70%, após queda de 17,26% em maio. E a alta de 0,99% em ônibus urbano deve-se ao reajuste de 33,33% em Belo Horizonte.

    Também houve deflação no grupo Alimentação e bebidas (-0,51%). A alimentação no domicílio registrou queda (passando de 1,02% em maio para -0,81% em junho) enquanto na alimentação fora de casa houve desaceleração nos preços (de 0,73% para 0,29%).

    Quais grupos subiram no IPCA-15 de junho?

    Seis grupos pesquisados tiveram alta em junho. No grupo Habitação (0,96%), destaca-se a alta da taxa de água e esgoto (3,64% e 0,06 p.p.) aplicada em capitais como Curitiba, São Paulo, Recife e Belém, e a alta da energia elétrica residencial (1,45% e 0,06 p.p.) em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Salvador. Contudo, houve queda no gás encanado (-0,33%) diante das reduções tarifárias em Curitiba e no Rio de Janeiro.

    Em Despesas pessoais (0,52%), o destaque é a alta de 6,19% nos jogos de azar, após reajuste médio de 15,00% no valor das apostas. Cinema, teatro e Concertos (1,29%) e pacotes turísticos (1,07%) também registraram alta no mês.

    O resultado do grupo Saúde e cuidados pessoais (0,19%) foi influenciado pela elevação nos preços dos planos de saúde (0,38%), decorrente do reajuste de até 9,63% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 13 de junho, com vigência a partir de maio de 2023 – e cujo ciclo se encerrará em abril de 2024. Assim, no IPCA-15 de junho foram apropriadas as frações mensais de maio e junho.

    O que é o IPCA-15?

    O IPCA-15 utiliza a mesma metodologia do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. Os preços foram coletados no período de 14 de abril a 15 de maio de 2023 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 16 de março a 13 de abril de 2023 (base).

    O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. Veja os resultados completos no Sidra.

    O que é IPCA?

    Realizada através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA é um índice de inflação cujo objetivo é medir a variação dos preços de uma cesta de bens e serviços ao consumidor final, ou seja, medir o poder de compra da população em geral mês a mês

    Calcular o aumento ou diminuição percentual na proporção experimentada entre duas datas dadas só é possível através do IPCA acumulado

    Assim, por exemplo, se um indivíduo calculasse uma taxa de acumulação de 12 meses, bastaria comparar o índice do mês atual com o índice do mesmo mês do ano anterior e a variação percentual estimada.

    Em outras palavras, o IPCA acumulado representa a soma de todos os IPCAs mensais realizados durante um determinado período.

    Do que o IPCA é composto e como se mede a inflação?

    O IPCA é calculado pelo IBGE com base em uma cesta de produtos e serviços que, por meio de pesquisas e outras informações, se sabe que um brasileiro típico consume. O IPCA, assim, tenta apontar "a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos", segundo o IBGE. O índice é dividido em nove grupos:

    • Alimentação e bebidas
    • Habitação
    • Artigos de residência
    • Vestuário
    • Transportes
    • Saúde e cuidados pessoais
    • Despesas pessoais
    • Educação
    • Comunicação

    Cada grupo tem dezenas ou até centenas de itens cujos preços são monitorados para calcular o valor final do IPCA. Além disso, os itens têm pesos diferentes no cálculo do índice. As passagens aéreas, por exemplo, têm peso menor do que o transporte público, por serem usadas por uma fatia menor da população ou com menos frequência.

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