Economia

Manutenção da Selic em 15%? O que esperar da reunião do Copom

Segundo economistas consultados pela EXAME, a expectativa é de que o juro seja mantido e que o comitê dê mais indicativos sobre o início do ciclo de corte de juros

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 4 de novembro de 2025 às 06h00.

O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça-feira, 4, a reunião que deve manter a taxa de juros inalterada em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva.

Segundo economistas consultados pela EXAME, a expectativa é de que o juro seja mantido e que o comitê dê mais indicativos sobre o início do ciclo de corte de juros.

Na última decisão, a autoridade monetária reforçou a perspectiva de que o ciclo de corte somente deve começar a partir de 2026.

Em palestras recentes, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, também indicou que os juros vão permanecer altos por um longo período para que a autoridade monetária possa perseguir a meta de inflação.

“O Copom de novembro não deve trazer surpresas, com a manutenção da taxa Selic em 15% sendo amplamente esperada pelo mercado”, afirma Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.

Vitória espera, no entanto, que o comunicado tenha uma mudança de tom, uma vez que o cenário está mais benigno para o BC.

“O cenário evoluiu de maneira positiva desde a última revisão, não somente com a queda da inflação além do esperado, mas também com importante revisão das expectativas, inclusive para os prazos mais longos”, diz a economista.

O Boletim Focus apresentou nova melhora nas expectativas para o IPCA. A mediana das projeções de 2025 caiu de 4,56% para 4,55%, mantendo a trajetória de desinflação gradual, próximo do teto da meta. As expectativas para 2026 e 2027 também caíram nos últimos boletins.

A avaliação é de que a economia também apresenta desaceleração, com o último IBC-Br de agosto mostrando um ritmo de queda. O mercado de trabalho e o mercado de crédito também apresentam sinais de arrefecimento.

Em relatório, o Banco Daycoval prevê um comunicado firme, mas com a retirada do trecho em que o BC abre a possibilidade de subir juros, caso julgue necessário.

“Entendemos que o Copom possa retirar o trecho que abre a possibilidade de voltar a subir os juros e, com isso, deixar em aberto a possibilidade de corte no início do ano. Caso esse trecho seja mantido, a probabilidade de postergação do início dos cortes aumenta”, diz.

Copom poderia iniciar corte em dezembro

Na avaliação de Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, com o IPCA encerrando o ano próximo do teto da meta, o espaço para queda de juros está dado. Para Vale, o início poderia ser ainda neste ano, na reunião de dezembro.

“O BC, se quisesse, poderia começar a queda de juros em dezembro, até por uma janela de oportunidade aberta antes do período eleitoral”, afirma.

O cenário eleitoral pode causar ruídos e impedir que o Banco Central mantenha a taxa acima do esperado pelo mercado, que prevê que a Selic termine 2026 em 12%.

“Isso vai depender de como o BC estará vendo 2027, um ano difícil por conta do ajuste fiscal e das incertezas eleitorais que se apresentam. Não parece haver espaço para quedas mais consistentes dos juros”, diz Vale.

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