Agência de Notícias
Publicado em 19 de setembro de 2025 às 20h51.
O presidente argentino, Javier Milei, confirmou nesta sexta-feira, 19 que o governo está negociando um novo empréstimo com o Tesouro dos Estados Unidos e declarou: "Estamos muito avançados".
"Essas negociações levam tempo, mas até que sejam confirmadas, não faremos nenhum anúncio. Mas estamos trabalhando muito, estamos muito avançados e é apenas uma questão de tempo", disse Milei em entrevista ao jornal La Voz del Interior, da cidade argentina de Córdoba.
Após discursar na Bolsa de Valores de Córdoba, o presidente explicou que o governo sabia que "este ano seria muito complicado" e, portanto, havia começado a "desenvolver estratégias para cobrir os pagamentos da Argentina no próximo ano, que são de US$ 4 bilhões em janeiro e US$ 4,5 bilhões em julho".
Em seu discurso anterior, Milei atribuiu as tensões que abalam os mercados financeiros domésticos ao "pânico" político, que, em sua opinião, é gerado pela oposição.
Durante a entrevista, o presidente voltou a culpar a oposição pela turbulência macroeconômica que o país atravessa às vésperas das eleições legislativas nacionais de 26 de outubro: "Eles estão nos torpedeando desde fevereiro, então o plano não funciona. Eles querem que tudo desmorone. Teremos uma grande eleição para implementar as reformas."
As tensões no mercado vêm crescendo desde meados deste ano, mas aumentaram nas últimas semanas, não apenas devido à incerteza política em torno das próximas eleições, mas também devido às dúvidas dos investidores sobre o programa econômico de Milei.
O ministro da Economia argentino, Luis Caputo, afirmou nesta quinta-feira que "confiamos plenamente no programa econômico e não vamos nos desviar dele", em entrevista transmitida pela internet.
Entre quarta e sexta-feira, o Banco Central argentino vendeu um total de US$ 1,11 bilhão na tentativa de conter a alta do preço da moeda americana em meio à crescente pressão cambial.
Somente em setembro, o índice S&P Merval, que reúne as principais ações argentinas, despencou 15%, enquanto os títulos soberanos denominados em dólar recuaram entre 21,5% e 30,7%, e o índice de risco-país da Argentina subiu para 1.454 pontos-base nesta sexta-feira, seu nível mais alto em um ano.
A turbulência também abalou o peso argentino, que se desvalorizou 10% neste mês em relação ao dólar americano.