Agência de notícias
Publicado em 29 de setembro de 2025 às 16h11.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, negou nesta segunda-feira que o boletim Focus, divulgado semanalmente pela autarquia, consulte sempre os mesmos bancos para medir a percepção do mercado sobre indicadores macroeconômicos.
A declaração foi feita durante a abertura do lançamento da pesquisa Firmus, em que o BC ouve empresas para avaliar expectativas sobre inflação, crescimento e outros indicadores. Segundo Galípolo, a proposta é complementar os levantamentos que já captam o sentimento das famílias e consumidores, mas que ainda não incluíam de forma sistemática a visão do setor produtivo.
— Faltava, e muitas vezes essa era uma discussão que extrapolava a discussão exclusivamente acadêmica, e se ouvia muitas vezes um debate público: ‘sempre escuta ali os mesmos bancos’. O que nem é verdade, porque, se você olhar para o Focus, a minoria são bancos.
Ele explica que diversas outras instituições são consultadas para o Focus:
— A gente tem ali um grupo menor de bancos, um grupo maior de assets (gestoras), tem ali pesquisadores, fundos de previdência, tem outros participantes, federações… mas era muito importante que a gente pudesse ter também essa interlocução e esse canal institucional, canal formal, para a gente poder ouvir aquilo que a gente costuma chamar do setor real da economia.
Galípolo acrescentou que os primeiros resultados da Firmus não diferem significativamente dos números captados pelo Focus e estão “muito próximos” das expectativas apuradas junto a instituições financeiras.
Em outro evento, o presidente do Banco Central disse que, mesmo com a taxa básica de juros da economia (Selic) em 15%, a economia brasileira se mostra resiliente. Por isso, disse Galípolo, há muito esforço a ser feito pela autoridade monetária para fazer com que a inflação brasileira caminhe para a meta estabelecida de 3%.
O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, acrescentou que o novo levantamento funciona como um termômetro das empresas não financeiras, permitindo ao Banco Central comparar expectativas de diferentes segmentos. Há também uma complementaridade entre os balanços:
— A Firmus tem mais dispersão. As empresas têm mais opiniões diferentes entre si do que o mercado financeiro. O mercado financeiro é muito mais semelhante na visão sobre expectativas, tanto de inflação quanto de PIB. O que é rico, porque nessas diferenças entre empresas. Por que uma empresa acha que o crescimento vai ser maior do que outra, ou a inflação vai ser maior do que outra? É porque está mais sensível a insumos ligados ao câmbio, ou é porque tem uma mão de obra intensiva? Isso tudo contribui.
A Pesquisa Firmus será realizada trimestralmente, com coletas em fevereiro, maio, agosto e novembro, e divulgação dos resultados até o fim do mês seguinte. Todas as respostas são tratadas de forma agregada, garantindo sigilo e confidencialidade.
A edição referente ao terceiro trimestre de 2025, conduzida entre 11 e 29 de agosto, marcou o encerramento da fase piloto do levantamento. Ao todo, foram 224 respostas, 37 a mais do que na rodada anterior.
De acordo com o balanço, as medianas das expectativas para a inflação (IPCA) ficaram em 4,5% para 2026 e 4,0% para 2027. Já para o crescimento do PIB, a projeção é de 2,1% em 2025 e 1,9% em 2026.
Em comparação, o boletim Focus divulgado nesta semana apontou expectativas de inflação de 4,81% em 2025 e 4,28% em 2026. Para o PIB, as projeções são de 2,16% em 2025 e 1,8% em 2026.