Economia

Nos EUA, fabricar um centavo é mais caro que um centavo

Fabricação do penny se tornou totalmente anti-econômica, mas população quer manter ele vivo - apesar de não gostar da moeda de 1 dólar

Moedas de um centavo podem sumir (Getty Images)

Moedas de um centavo podem sumir (Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 17 de setembro de 2014 às 12h35.

São Paulo - O custo de produzir uma moeda de um centavo de dólar nos Estados Unidos é maior (US$ 0,016) do que o seu próprio valor.

A razão é que o zinco, material responsável por 97% do penny, está com demanda em alta, oferta em queda e preços disparando na maior alta em 3 anos.

O governo americano continua buscando metais alternativos, mas nenhum seria capaz de abaixar o custo da moeda para abaixo de 1 centavo, de acordo com Tom Jurkowsky, porta-voz do US Mint, fabricante do item.

No ano passado, a moeda de 1 centavo estava ainda mais cara (US$ 0,18) e a perda na sua produção foi de US$ 55 milhões.

A falta de lógica econômica em seguir fazendo estas moedas, cada vez menos usadas pela população, levou os canadenses a banirem o seu penny no ano passado, acabando com um desperdício de US$ 11 milhões por ano.

Nos EUA, a proposta entrou no Orçamento de 2015, mas enfrenta oposição no Congresso. Para o presidente Barack Obama, que já defendeu o fim do penny e do nickel (US$ 0,05), há um componente irracional nesta resistência:

"É uma daquelas coisas que as pessoas se apegam emocionalmente a como as coisas foram (...) Não será uma grande economia para o governo, mas toda vez que gastamos mais dinheiro em algo que as pessoas não usam, é algo que provavelmente deveria mudar. Uma coisa que vemos cronicamente no governo é que é muito difícil se livrar de coisas que não funcionam para podermos investir nas que funcionam", disse ele em um Google Hangout no começo do ano.

Enquanto isso, a moeda de 1 dólar criada a partir de 2007 continua sendo pouco usada pela população e acumula poeira em cofres do governo. A medida, que poderia economizar US$ 700 milhões por ano, vai acabar sugando US$ 2 bilhões em custos de estoque até 2016.

No Brasil, a Casa da Moeda parou de produzir as notas de 1 real em 2005 para trocá-las por moedas justamente pela questão do custo de produção. Desde então, as cédulas antigas se tornaram uma raridade e item de colecionador com valor de até 195 reais.

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