(Marcello Casal jr/Agência Brasil)
Redação Exame
Publicado em 7 de maio de 2025 às 19h06.
Última atualização em 7 de maio de 2025 às 19h28.
A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual trouxe novas preocupações à indústria brasileira. Agora em 14,75% ao ano, a Selic atinge o maior patamar dos últimos 20 anos, o que, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), coloca um peso ainda maior sobre o crescimento econômico do país.
Ricardo Alban, presidente da CNI, destacou em nota que, embora o controle da inflação seja essencial, essa nova elevação da Selic ocorre em um momento crítico, quando a economia já enfrenta um processo de desaceleração mais profundo do que o esperado para 2025.
A expectativa é de um crescimento do PIB de apenas 2,3% em 2025, uma queda considerável em relação ao ano anterior (3,4%), e o setor industrial não ficará imune, diz a confederação, que estima que a indústria crescerá somente 2% ante os 3,3% de 2024.
“Caso a estimativa se concretize, isso representaria o menor crescimento da economia nos últimos cinco anos e está diretamente relacionado à política monetária contracionista”, diz Alban, em nota.
A confederação ressalta que, ao considerar a atual conjuntura, pelo menos quatro fatores deveriam ser avaliados pelo Copom antes de adotar mais aumentos na taxa de juros:
A CNI aponta, no entanto, três grandes riscos caso o Copom ignore esses fatores e siga com o aumento da Selic.
O primeiro é o desestímulo ao investimento produtivo, crucial para o crescimento no médio prazo. A queda nos investimentos pode resultar em menor oferta de bens e serviços, gerando pressões sobre os preços quando a demanda for retomada.
O segundo risco é o aumento dos custos financeiros das empresas, refletido na alta das taxas de juros médias sobre as operações com pessoas jurídicas.
O terceiro fator está relacionado ao aumento do custo da dívida pública, que amplia o déficit fiscal e pode comprometer a sustentabilidade das contas públicas.
Diante desses desafios, a CNI sugere que o Banco Central reforce o uso de depósitos compulsórios como ferramenta monetária.
"Essa alternativa ajudaria a controlar a inflação, sem impacto nas despesas com juros e na trajetória da dívida pública", diz a nota. "Além do uso desse novo instrumento, a política monetária precisa ser auxiliada por uma política fiscal mais racional, em que a pressão por aumento dos gastos públicos seja contida a partir de um pacto nacional pelo equilíbrio fiscal."