Wolney Queiroz: ex-deputado e novo ministro da Previdência, declarou valores elevados em espécie, gerando questionamentos. (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 7 de maio de 2025 às 13h41.
Última atualização em 7 de maio de 2025 às 15h50.
Na última vez em que disputou uma eleição, em 2022, Wolney Queiroz declarou à Justiça Eleitoral guardar R$ 431 mil em espécie em sua residência. Na ocasião, Queiroz tentava a reeleição para a Câmara dos Deputados, cargo que ocupou por cinco mandatos consecutivos, mas não obteve sucesso. O ex-parlamentar foi escolhido, na semana passada, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Carlos Lupi no comando do Ministério da Previdência Social, em meio a suspeitas de irregularidades envolvendo desvios de aposentadorias de beneficiários do INSS.
Guardar quantias altas em espécie não é ilegal, mas pode acender um sinal de alerta para órgãos de controle, que monitoram possíveis práticas ilícitas. Em 2021, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou um projeto de lei que visa proibir transações com valores em espécie acima de R$ 10 mil e a posse de quantias superiores a R$ 300 mil, com o objetivo de combater a lavagem de dinheiro. Porém, a proposta ainda não avançou e permanece em tramitação na Casa. Questionado sobre o motivo de manter tal valor em casa, o novo ministro da Previdência não se manifestou.
Além da quantia em espécie, Wolney Queiroz declarou outros bens à Justiça Eleitoral, como participação em três empresas e um apartamento no valor de R$ 596,4 mil, localizado em Caruaru, no interior de Pernambuco. Quando comparado à declaração feita em 2018, seu patrimônio sofreu uma queda, passando de R$ 2,2 milhões para R$ 1,7 milhão. Em 2006, o patrimônio declarado era de R$ 355,9 mil.
Antes de assumir o cargo de ministro, Wolney ocupava o cargo de secretário-executivo do Ministério da Previdência Social. Sua indicação para a pasta foi atribuída a Carlos Lupi, que, embora não tenha sido diretamente citado nas investigações, saiu desgastado diante das revelações de que estava ciente de irregularidades envolvendo descontos indevidos nas aposentadorias do INSS. Lupi, em entrevista ao jornal O Globo, admitiu ter sido informado sobre as fraudes e pensões, mas não tomou as providências necessárias para cessar os descontos.
Lupi também foi o responsável pela nomeação de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, que foi demitido após ser envolvido nas investigações da Polícia Federal.
Em resposta às acusações, Carlos Lupi publicou nas redes sociais que sua decisão de deixar o cargo foi tomada com a certeza de que "meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso". Ele destacou ainda que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por ele e pelos órgãos de controle do governo federal.