Economia

Oposição portuguesa não apoia cortes exigidos pela troika

O Partido Socialista afirmou que não aceitará "nem uma só medida" para cortar quatro bilhões de euros a mais nas despesas estatais


	Manifestantes carregam bandeira de Portugal: o país atravessa a pior crise econômica de sua história recente
 (Milos Bicanski/Getty Images)

Manifestantes carregam bandeira de Portugal: o país atravessa a pior crise econômica de sua história recente (Milos Bicanski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 13h54.

Lisboa - O Partido Socialista (PS), o principal da oposição em Portugal, afirmou nesta segunda-feira que não aceitará "nem uma só medida" para cortar quatro bilhões de euros a mais nas despesas estatais, como pedem a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Enquanto uma delegação de ambos os organismos revisa em Lisboa o cumprimento dos compromissos do resgate financeiro luso, o PS assegurou ser radicalmente contra qualquer novo corte e que o governo está "isolado" em sua defesa da austeridade.

Os técnicos da UE e o FMI prolongaram sua visita a Portugal mas não deram nenhuma explicação oficial sobre os motivos. A imprensa lusa acredita que os organismos discutem com o governo cortes de despesas necessárias para cumprir com as metas de déficit fiscal exigidas.

O primeiro-ministro conservador de Portugal, Pedro Passos Coelho, propôs no final do ano passado reformar o Estado para torná-lo sustentável com uma economia permanente de quatro bilhões de euros.

Se as reformas exigirem mudanças constitucionais, a coalizão conservadora que governa Portugal desde junho de 2011 não poderia aprová-la pois não tem maioria e por isso precisaria do apoio do PS.

O líder dos socialistas portugueses, António José Seguro, disse que seu partido é radicalmente contra novas medidas de austeridade.

Em um vídeo divulgado hoje pelo PS, Seguro considerou que há "um consenso" na sociedade portuguesa, que abrange desde o chefe do Estado (o conservador Aníbal Cavaco Silva) até sindicatos e empresários, que "é necessário pôr fim" à política de cortes aplicada no país durante os últimos anos.

O líder dos socialistas assegurou que o primeiro-ministro está "isolado" em sua política. O PS "não aceita nem uma só medida a mais de austeridade", acrescentou Seguro em referência aos planos do Executivo de cortar mais quatro bilhões de euros.

"O PS defende a disciplina e o rigor orçamentário, mas é contra a austeridade que só provoca recessão e desemprego", argumentou. Seguro se reuniu na semana passada com os técnicos da troika, formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e o FMI, e pediu medidas de apoio para reativar o emprego e o crescimento em Portugal.

O país atravessa a pior crise econômica de sua história recente, e se as previsões forem cumpridas para este ano, Portugal terá uma queda de 7% do PIB devido à recessão de 2011, 2012 e 2013. 

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