Sede da Superintendência de Seguros Privados (Susep), no centro do Rio (Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 15h28.
Última atualização em 16 de setembro de 2025 às 15h29.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse que conversou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para manutenção da sede da Superintendência de Seguros Privados (Susep) no Rio. Segundo o prefeito, o ministro se comprometeu a analisar o pleito apresentado, afirmou na segunda-feira em seu perfil no X (antigo Twitter).
O pedido do prefeito veio após decisão do governo federal que determina a transferência da autarquia, vinculada ao Ministério da Fazenda, para a capital do país. Na segunda-feira passada, dia 8, o presidente Lula assinou o decreto 12.616/25 aprovando a mudança. O documento foi publicado no Diário Oficial da União.
"O ministro é testemunha dos esforços pessoais do presidente Lula em prestigiar nosso Estado como por exemplo no caso da recuperação do Galeão e da realização do G20 e dos Brics aqui. Tenho certeza de que o ministro vai voltar atrás na decisão e dar ao Rio o tratamento merecido", escreveu Paes, em seu perfil na rede social.
No dia seguinte ao decreto presidencial, o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ) redigiu um decreto de projeto legislativo a fim de sustar a decisão do governo. Segundo o texto, o Executivo cometeu um "grave erro" ao autorizar a transferência da sede e do foro da autarquia para Brasília.
Entre os argumentos apresentados pelo deputado federal está a "tradição regulatória" no Rio, já que a autarquia está no Rio desde a sua criação, bem como a "coerência" com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), outro órgão regulador estratégico do Sistema Financeiro Nacional sediado na cidade.
O texto também defende a manutenção da Susep no Rio para não concentrar todos os órgãos do SFN em Brasília, em linha com o equilíbrio federativo que reforça a descentralização da administração em diferentes regiões do país.
O deputado federal também afirma, em seu decreto, que o Rio de Janeiro concentra mão de obra em atuária, direito securitário e regulação por conta da presença da Susep. Por isso, uma transferência "forçada" poderia gerar "custos elevados de relocação, riscos de evasão de servidores e de interrupções operacionais, fragilizando momentaneamente a fiscalização".
Várias entidades têm defendido a manutenção da sede na cidade do Rio. Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Estado do Rio de Janeiro (OAB-RJ) manifestou "profunda preocupação" com a transferência para Brasília e disse que o Rio tem "relação histórica" com o mercado de seguros por concentrar empresas, profissionais e entidades regulatórias do setor.
Segundo a OAB-RJ, o decreto federal carece de justificativa técnica e fragiliza a posição do Rio como polo regulatório.
Em nota conjunta, a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio RJ) e a Federação das Indústrias do Estado (Firjan) manifestaram “total desaprovação” com a transferência.
"Essa equivocada e inaceitável medida carece de justificativa técnica e compromete a economia, os empregos e a importância de nossa cidade e estado", escreveram.