Economia

PIB do 2º trimestre deve mostrar desaceleração da economia; veja o que esperar

As previsões apontam para uma alta entre 0,14% e 0,5% na comparação com o trimestre anterior. No primeiro trimestre deste ano, a economia acelerou e cresceu 1,4%

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 1 de setembro de 2025 às 17h32.

Última atualização em 1 de setembro de 2025 às 18h00.

A economia brasileira deve enfrentar uma desaceleração no segundo trimestre de 2025, com queda em diversos setores e retração nos investimentos na comparação com o primeiro trimestre do ano, quando o PIB registrou alta de 1,4%, segundo apontam economistas e relatórios consultados pela EXAME.

O dado será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 2, às 9h.

As previsões indicam um crescimento entre 0,14% e 0,5% em comparação com o trimestre anterior.

O consenso dos analistas é de que os efeitos da taxa de juros elevada, de 15% ao ano, afetarão especialmente os setores sensíveis ao crédito, como os de serviços e indústria.

Em relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), assinado por Álvaro Frasson, Arthur Mota, Lorena Laudares e Victor Amaral, a estimativa é de um crescimento modesto de apenas 0,14% no trimestre.

De acordo com os analistas, o resultado refletirá os "efeitos acumulados e defasados da política monetária", que resultam em "maior aperto nas condições de crédito".

A avaliação é de que os setores mais cíclicos da economia serão os mais impactados, o que deverá levar a uma queda de 3% nos investimentos.

Do lado da demanda, os analistas do BTG preveem que o consumo das famílias continuará a mostrar um crescimento robusto, com alta de 0,8% no trimestre e avanço anual de 2,3%, impulsionado principalmente pelo crescimento da massa salarial.

Agropecuária deve ter crescimento forte, apesar da desaceleração

Com uma previsão de crescimento do PIB de 0,2% no trimestre, as economistas Natalia Cotarelli e Marina Garrido, do Itaú BBA, projetam um desempenho positivo para o setor agropecuário, que, embora deva desacelerar, ainda tende a registrar crescimento de 9,8% no ano, impulsionado pela forte produção de soja, milho, algodão e arroz.

Para o setor de serviços, que representa quase 60% do PIB, as analistas esperam uma leve desaceleração, especialmente devido à perda de fôlego do comércio, mesmo com um mercado de trabalho ainda aquecido.

"Acreditamos que os efeitos defasados da política monetária contracionista têm impactado especialmente os segmentos de bens sensíveis ao crédito", afirmam Cotarelli e Garrido em relatório.

Na projeção do Banco Daycoval, a economia deve crescer 0,5% no trimestre, com o setor de serviços mostrando resiliência, principalmente em Transportes e Logística (beneficiados pela safra recorde e pela retomada do transporte rodoviário).

O relatório da instituição ainda prevê que a indústria perderá fôlego, com crescimento de 0,5% e desempenho mais fraco na indústria de transformação. Por outro lado, a indústria extrativa deve apresentar avanço, beneficiada pela forte produção de óleo e gás no período.

O que é o PIB e como ele é calculado?

PIB (sigla para Produto Interno Bruto) consiste na soma de todos os bens e serviços que foram produzidos em um território ao longo de um período. Para o cálculo do PIB, considera-se o resultado na moeda local do país.

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