Economia

Impulsionado pelo agro, PIB do Brasil cresce 1,4% no 1º trimestre de 2025

O resultado ficou em linha com a expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta entre 1,2% e 1,7%

PIB do Brasil: agro impulsionou o crescimento da economia (Branex/Getty Images)

PIB do Brasil: agro impulsionou o crescimento da economia (Branex/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 30 de maio de 2025 às 09h01.

Última atualização em 30 de maio de 2025 às 09h53.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, segundo dados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgados nesta sexta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB brasileiro totalizou R$ 3 trilhões no período.

O resultado ficou em linha com a expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta entre 1,2% e 1,7%. A alta da agropecuária e do setor de serviços, aliada ao crescimento dos investimentos, explica o resultado positivo da economia brasileira.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2024, houve um crescimento de 2,9%. No acumulado dos últimos quatro trimestres, o PIB brasileiro subiu 3,5%.

Por que o PIB do Brasil cresceu 1,4% no 1º trimestre?

Segundo o IBGE, o resultado foi puxado pelas altas de 12,2% da agropecuária e de 0,3% nos Serviços, que têm peso de aproximadamente 70% da economia do país. 

Nos Serviços, houve crescimento em Informação e comunicação, com alta de 3,0%, seguida por Outras atividades de serviços e Atividades imobiliárias, que avançaram 0,8% cada. Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social registraram aumento de 0,6%, enquanto o Comércio cresceu 0,3%. As Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados permaneceram estáveis, com variação de 0,1%. O Transporte, armazenagem e correio apresentou queda de 0,6%.

“O grande destaque dentro dos Serviços tanto na taxa interanual como contra o 4º trimestre de 2024 foi a atividade Serviços de Informação e Comunicação, especialmente devido ao aumento de Internet e desenvolvimento de sistemas. Essa atividade cresceu mais de 38% desde a pandemia”, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Condições climáticas e supersafra favorecem o PIB do agro

Com participação de 6,5% na economia, o agro registrou a segunda maior alta desde 2023. No primeiro semestre daquele ano, o setor avançou 13,8%, mas sofreu queda ao longo dos meses seguintes. Em 2024, a agropecuária não apresentou altas significativas, impactada pelas condições climáticas desfavoráveis.

Em 2025, a expectativa é de uma produção agrícola "mais importante", com condições climáticas favoráveis e safra recorde, segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

“A agropecuária está sendo favorecida pelas condições climáticas favoráveis e conta com uma baixa base de comparação do ano passado. É esperada uma safra recorde de soja, nosso produto agrícola mais importante”, explica Rebeca.

Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, divulgado em maio, condições climáticas favoráveis impulsionaram o desempenho de algumas culturas. Entre os produtos colhidos no primeiro trimestre que registraram crescimento na estimativa de produção anual e ganho de produtividade, destacam-se a soja, com alta de 13,3%, o milho, que avançou 11,8%, o arroz, com aumento de 12,2%, e o fumo, que apresentou salto de 25,2%.

Como mostrou a EXAME, a expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma safra recorde de grãos no país, com 330 milhões de toneladas, um aumento de 10% em relação à safra 2023/24.

A Conab estima uma produção de 124,7 milhões de toneladas do cereal na safra 2024/25, 98 milhões só do milho de segunda safra, 11% acima do produzido na temporada anterior.

Investimentos e consumo das famílias crescem

Pela ótica da demanda, a Despesa de Consumo das Famílias teve expansão de 1,0%, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo avançou 3,1%. A Despesa de Consumo do Governo, por sua vez, manteve-se estável, com crescimento marginal de 0,1%.

No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços cresceram 2,9%, mas as Importações tiveram aumento mais expressivo, de 5,9%, em comparação ao quarto trimestre de 2024.

Indústria impactada pela alta de juros

No setor industrial, que teve variação negativa de 0,1%, a pesquisa do IBGE destaca as quedas nas indústrias de transformação e construção, que recuaram 1,0% e 0,8%, respectivamente, no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o quarto trimestre de 2024. Palis, responsável pela pesquisa, ressalta que o setor tem sido negativamente impactado pela taxa de juros em patamares restritivos.

Por outro lado, a Eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos registraram crescimento de 1,5%, enquanto as Indústrias Extrativas avançaram 2,1%. O setor industrial responde por cerca de 25% do valor adicionado da economia.

Principais destaques do PIB no primeiro trimestre

Qual é o PIB hoje?

O PIB do Brasil cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025.

O que é o PIB?

PIB (sigla para Produto Interno Bruto) é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. Todos os países calculam o seu PIB nas suas respectivas moedas.

O que gera o PIB do Brasil?

Segundo o IBGE, o PIB mede apenas os bens e serviços finais para evitar dupla contagem. Se um país produz R$ 100 de trigo, R$ 200 de farinha de trigo e R$ 300 de pão, por exemplo, seu PIB será de R$ 300, pois os valores da farinha e do trigo já estão embutidos no valor do pão.

Os bens e serviços finais que compõem o PIB são medidos no preço em que chegam ao consumidor. Dessa forma, levam em consideração também os impostos sobre os produtos comercializados.

Na realidade, o PIB é um indicador de fluxo de novos bens e serviços finais produzidos durante um período. Se um país não produzir nada em um ano, o seu PIB será nulo.

Qual é a fórmula do PIB?

Para o cálculo do PIB, são utilizados diversos dados; alguns produzidos pelo IBGE, outros provenientes de fontes externas. Essas são algumas das peças que compõem o quebra-cabeça do PIB:

  • Balanço de Pagamentos (Banco Central)
  • Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ (Secretaria da Receita Federal)
  • Índice de Preços ao Produtor Amplo - IPA (FGV)
  • Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA (IBGE)
  • Produção Agrícola Municipal - PAM - (IBGE)
  • Pesquisa Anual de Comércio - PAC (IBGE)
  • Pesquisa Anual de Serviços - PAS (IBGE)
  • Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF (IBGE)
  • Pesquisa Industrial Anual - Empresa - PIA-Empresa (IBGE)
  • Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física - PIM-PF (IBGE)
  • Pesquisa Mensal de Comércio - PMC (IBGE)
  • Pesquisa Mensal de Serviços - PMS (IBGE)
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