Economia

Pobreza na Argentina cai para o menor nível desde 2018

Combinação de austeridade, controles cambiais e política monetária rígida ajudou a desacelerar a alta de preços no início do ano

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 25 de setembro de 2025 às 20h00.

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A pobreza na Argentina atingiu seu nível mais baixo desde 2018. O resultado veio após o presidente Javier Milei implementar políticas que reduziram a inflação de três dígitos. Esse movimento pode fortalecer o partido do governo antes das eleições de meio de mandato em outubro.

No primeiro semestre do ano, 31,6% dos argentinos viviam na pobreza, abaixo dos quase 53% registrados nos primeiros meses do governo de Milei, um ano atrás, segundo dados divulgados na quinta-feira pela agência oficial de estatísticas.

Uma combinação de austeridade, controles cambiais e política monetária rígida ajudou a desacelerar a alta de preços no início do ano, contribuindo para a redução da pobreza, que na Argentina é definida como renda suficiente para cobrir uma cesta básica de bens e serviços.

Milei suspendeu parte dos controles cambiais em abril após a aprovação de um programa de US$ 20 bilhões pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), mas o peso não sofreu desvalorização significativa e a inflação seguiu em queda, segundo informações da Bloomberg. Essas medidas permitiram que mais pessoas saíssem da pobreza.

Momento amargo para Milei

Apesar desses resultados, os avanços econômicos não foram suficientes para consolidar o apoio eleitoral antes das eleições de meio de mandato, marcadas para 26 de outubro, quando quase metade das cadeiras do Congresso será renovada.

Recentemente, o partido de Milei perdeu uma votação importante na província de Buenos Aires, região com níveis de pobreza acima da média nacional. O resultado provocou instabilidade no mercado e levou os EUA a intervir nesta semana, anunciando um possível resgate financeiro adicional de US$ 20 bilhões.

Segundo a Bloomberg, no panorama macroeconômico, a recuperação argentina estagnou após os primeiros meses de austeridade, com a atividade econômica registrando queda por três meses consecutivos até julho. O desemprego continua elevado, enquanto os empregos informais — que geralmente oferecem salários menores e menos proteção trabalhista — cresceram em ritmo mais acelerado do que os empregos formais assalariados. O desafio de Milei será equilibrar políticas de austeridade com medidas que sustentem crescimento e empregos.

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