Economia

Pressionado, Garibaldi volta atrás sobre déficit

Garibaldi expôs mais claramente queda de braço histórica entre ministérios da Fazenda e da Previdência em torno de projeções ao rombo de contas previdenciárias


	Ministro da Previdência, Garibaldi Alves: previsão do ministro de déficit próximo de R$ 50 bilhões causou mal-estar no Ministério da Fazenda, que cobrou explicações
 (Valter Campanato/ABr)

Ministro da Previdência, Garibaldi Alves: previsão do ministro de déficit próximo de R$ 50 bilhões causou mal-estar no Ministério da Fazenda, que cobrou explicações (Valter Campanato/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de março de 2014 às 21h10.

Brasília - Depois de contestar a projeção de déficit de R$ 40,1 bilhões nas contas do INSS, segundo entrevista publicada nesta segunda-feira, 17, pelo jornal Valor Econômico, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, voltou atrás e divulgou esta tarde nota dizendo ser possível que o déficit se mantenha no patamar, em termos nominais, "conforme prevê a área econômica do governo".

Antes, ao jornal, o ministro havia dito que o valor, exposto no decreto de contingenciamento, não foi discutido com o Ministério da Previdência: "Não é nossa expectativa", declarou, prevendo valor cerca de R$ 10 bilhões superior, o que poderia comprometer a meta de superávit primário para este ano.

Garibaldi Alves expôs de forma mais clara uma queda de braço histórica entre os ministérios da Fazenda e da Previdência em torno das projeções para o rombo das contas previdenciárias.

A previsão do ministro de um déficit próximo de R$ 50 bilhões causou mal-estar no Ministério da Fazenda, que cobrou explicações. Foi depois disso que o ministro da Previdência divulgou uma nota dando explicações para as suas previsões, mas recalibrando as expectativas.

"O governo não tem mais como esconder o valor do déficit", comentou um experiente técnico do Ministério da Fazenda.

Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, os técnicos da Previdência vêm alertando o Ministério da Fazenda para o erro na projeções do déficit do INSS e também do valor do repasse do Tesouro Nacional pela compensação da desoneração da folha de pagamentos das empresas.

Na prática, o governo subestima o resultado das contas da previdência para diminuir o tamanho do corte necessário para o cumprimento da meta fiscal.

No ano passado, o governo usou até o final estimativas mais baixas do déficit para sustentar o discurso em torno de um superávit primário maior.

Até o final de novembro, a previsão de déficit era de R$ 36,2 bilhões, que subiu depois R$ 41,2 bilhões na última reprogramação do Orçamento, divulgada quando faltava pouco mais para o final do ano. O resultado final foi um déficit de R$ 49,9 bilhões em 2013. Na proposta do Orçamento, a previsão de déficit era ainda menor, de apenas R$ 30 bilhões.

O tamanho desse "remanejamento" de projeções não é nada desprezível e é uma das fragilidades mais visíveis do corte de R$ 44 bilhões anunciado pelo governo no final de fevereiro. Se as previsões de gastos furarem e aumentarem, terão que ser efetivamente pagas, colocando em xeque o corte anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Acompanhe tudo sobre:Déficit públicoINSSPrevidência Social

Mais de Economia

Tebet avalia que café e carne devem ficar de fora do tarifaço de Trump 'por interesse deles'

Comissão do Senado aprova projeto que amplia isenção de IR para quem ganha até dois salários

Após tarifaço, déficit comercial dos EUA cai em junho com a queda das importações

Em meio ao tarifaço dos EUA, Haddad diz que governo dará atenção especial a setores vulneráveis