Economia

Prévia da Inflação: IPCA-15 desacelera e fica em 0,36% em maio, abaixo da expectativa do mercado

O acumulado do ano fechou o mês em 2,80%, enquanto o indicador nos últimos 12 meses caiu para 5,40%

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 27 de maio de 2025 às 09h03.

Última atualização em 27 de maio de 2025 às 11h44.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador que é a prévia da inflação oficial do Brasil, fechou em maio em 0,36%, desaceleração de 0,07 ponto percentual em relação a abril, quando o índice registrou alta de 0,43%.

O resultado foi divulgado nesta terça-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O dado veio abaixo da expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta de 0,44%.

O acumulado do ano fechou o mês em 2,80%, enquanto o indicador nos últimos 12 meses caiu para 5,40%. Em maio de 2024, o IPCA-15 havia registrado um aumento de 0,44%.

Alta de energia elétrica e medicamentos puxam alta do IPCA-15

De acordo com o IBGE, o desempenho foi puxado, principalmente, pela alta da energia elétrica residencial, que registrou variação de 1,68% influenciada pela mudança na bandeira tarifária. O item teve impacto positivo de 0,06 ponto percentual no índice do mês. 

Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram aumento em maio, com destaque para vestuário (0,92%), saúde e cuidados pessoais (0,91%) e habitação (0,67%). O maior impacto no índice geral veio de saúde e cuidados pessoais (0,12 ponto percentual), seguido por habitação (0,10 ponto percentual). Por outro lado, transportes sofreu a principal queda (-0,29%), com impacto negativo de -0,06 ponto percentual no índice.

As outras variações foram: despesas pessoais (0,50%), alimentação e bebidas (0,39%), comunicação (0,27%), educação (0,09%) e artigos de residência (-0,07%). Em impacto, oscilaram entre 0,09 ponto percentual de alimentação e bebidas e 0,00 ponto percentual de artigos de residência.

Na saúde e cuidados pessoais, a alta de 0,91% foi puxada pelos produtos farmacêuticos (1,93%), reflexo da autorização para reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos a partir de 31 de março.

No grupo habitação, a energia elétrica residencial registrou alta de 1,68%, com impacto de 0,06 ponto percentual — o maior efeito individual no índice. A bandeira tarifária amarela, vigente desde maio, adicionou uma cobrança extra de R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos. Além disso, foram aplicados reajustes tarifários regionais: 2,07% em Salvador, a partir de 22 de abril; 3,33% em Recife, desde 29 de abril; e redução de 1,68% em Fortaleza, a partir de 22 de abril.

Preço dos alimentos desacelera

No grupo alimentação e bebidas, a alta desacelerou de 1,14% para 0,39%. Caíram os preços do tomate (-7,28%), arroz (-4,31%) e frutas (-1,64%). Por outro lado, subiram batata-inglesa (21,75%), cebola (6,14%) e café moído (4,82%). O preço do lanche avançou 0,84%, abaixo dos 1,23% registrados em abril.

IPCA-15 sobe todas as capitais pesquisadas

Regionalmente, a maior variação foi registrada em Goiânia (0,79%), por conta das altas do etanol (11,84%) e da gasolina (4,11%). Já o menor resultado ocorreu em Curitiba (0,18%), que apresentou queda nos preços da passagem aérea (10,13%) e das frutas (4,13%).

RegiãoPeso Regional (%)Variação Mensal (%) Variação
Acumulada (%)
AbrilMaioAno12 meses
Goiânia4,96-0,130,792,625,70
Fortaleza3,880,340,662,675,36
Belém4,460,330,653,025,25
Porto Alegre8,610,880,633,275,29
Belo Horizonte10,040,360,422,835,92
São Paulo33,450,560,282,765,59
Brasília4,84-0,020,262,645,16
Rio de Janeiro9,770,370,242,585,27
Recife4,710,340,222,574,28
Salvador7,190,270,202,704,68
Curitiba8,090,510,183,115,51
Brasil100,000,430,362,805,40
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor.

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 15 de abril a 15 de maio de 2025 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 18 de março a 14 de abril de 2025 (base).

Qual foi o resultado do IPCA-15 de maio de 2025?

  • IPCA-15 de maio: 0,36%
  • IPCA-15 no ano: 2,50%
  • IPCA-15 nos 12 meses: 5,40%

Quem calcula o IPCA?

O cálculo do IPCA envolve várias etapas e considerações importantes. Vamos entender como isso é feito:

1. Amostra de produtos e serviços

O IPCA é calculado com base em uma amostra de produtos e serviços que representam os gastos das famílias brasileiras. Essa amostra é composta por cerca de 400 itens, que incluem alimentos, bebidas, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros. A seleção dos itens é feita com base em pesquisas de orçamento familiar e em dados de consumo das famílias.

2. Pesquisa de preços

Para calcular o IPCA acumulado, o IBGE realiza uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais de todo o país. Essa pesquisa é realizada mensalmente e envolve cerca de 30 mil estabelecimentos, incluindo supermercados, lojas de departamento, postos de combustível, entre outros. Os preços dos produtos e serviços são coletados e comparados com os preços do mês anterior.

3. Ponderação dos itens

Os itens da amostra do IPCA são ponderados conforme a sua participação nos gastos das famílias brasileiras. Itens que representam uma parcela maior dos gastos têm um peso maior no cálculo do IPCA. Essa ponderação é feita com base em dados de orçamento familiar e em pesquisas de consumo.

4. Cálculo do índice

O IPCA é calculado a partir da variação dos preços dos produtos e serviços da amostra. Essa variação é medida em relação ao mês anterior e é ponderada segundo a participação de cada item nos gastos das famílias. O resultado é um índice que reflete a variação média.

O que é IPCA-15?

Para o cálculo do IPCA-15, a metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. Os preços foram coletados no período de 16 de maio a 14 de junho de 2024 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 16 de abril a 15 de maio de 2024 (base).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.

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