Economia

R$ 21 bilhões e alta de 113% em um ano: o tamanho do investimento da China no Brasil

O estudo revela que o Brasil foi a economia emergente que mais atraiu investimentos chineses no último ano. No ranking global, o país ocupa a terceira posição entre os maiores destinos desses aportes

Brasil e China: investimentos cresceram em 2024 (Ricardo Stuckert / PR)

Brasil e China: investimentos cresceram em 2024 (Ricardo Stuckert / PR)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 4 de setembro de 2025 às 11h45.

Os investimentos de empresas chinesas no Brasil atingiram US$ 4,18 bilhões (aproximadamente R$ 21 bilhões) em 2024, alta de 113% em relação ao ano anterior, segundo levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) divulgado nesta quinta-feira, 4.

O estudo revela que o Brasil foi a economia emergente que mais atraiu investimentos chineses no último ano. No ranking global, o país ocupa a terceira posição entre os maiores destinos desses aportes.

O crescimento dos investimentos chineses no Brasil superou o aumento de 13,8% nos investimentos estrangeiros totais no país em 2024, que somaram US$ 71 bilhões, segundo dados do Banco Central.

Nos últimos 15 anos, o maior valor médio anual de investimentos chineses no Brasil foi de US$ 6,6 bilhões, registrado entre 2015 e 2019. Já o maior número médio anual de projetos ocorreu entre 2020 e 2024, com 27 empreendimentos por ano.

Em termos acumulados, considerando o período de 2007 a 2024, empresas chinesas iniciaram 303 projetos no Brasil, totalizando US$ 77,5 bilhões.

O relatório também destaca que o crescimento dos investimentos chineses em dólares ocorreu mesmo em um cenário de desvalorização do real. O dólar fechou 2024 com uma média de R$ 5,39, o maior valor registrado desde que o CEBC passou a monitorar os investimentos do país asiático.

Alta no número de empreendimentos

O relatório indica que o número de empreendimentos chineses no Brasil chegou a 39, o que representa um aumento de 34% em comparação a 2023.

Segundo o estudo, a maioria dos investimentos chineses ingressou no Brasil em 2024 via iniciativas greenfield, que envolvem a criação de novos empreendimentos ou ampliação dos já existentes, respondendo por 79% do número de projetos.

O número total de projetos anunciados e confirmados chegou a 48, o maior registrado até agora, embora a taxa de efetivação tenha sido de 81%, com uma redução de 9 pontos percentuais em comparação a 2023.

Os investimentos totais tinham o potencial de atingir US$ 6,2 bilhões em 2024, considerando tanto os projetos efetivamente implementados quanto aqueles que foram apenas prospectados pelas empresas chinesas, mas não concretizados.

Desses US$ 4,18 bilhões, 67% foram efetivamente investidos no Brasil, o que representa uma queda de 22 pontos percentuais em relação à taxa de implementação do ano anterior.

Setor elétrico lidera os investimentos

O setor de eletricidade foi o principal destinatário dos investimentos chineses no Brasil em 2024, com uma participação de 34%. Os aportes na área somaram US$ 1,43 bilhão, um aumento de 115% em relação a 2023, marcando o maior crescimento relativo no setor elétrico desde 2019.

Em segundo lugar, o setor de petróleo recebeu 25% dos investimentos, com US$ 1 bilhão, um dos maiores valores da última década.

O estudo aponta que apesar do forte interesse chinês por projetos de transição energética no Brasil, ainda há um grande apetite por investimentos em combustíveis fósseis.

O setor de fabricação de automotores ficou em terceiro lugar, com 14%, seguido por mineração (13%), transporte terrestre (12%) e fabricação de aparelhos elétricos (2%).

A conclusão do estudo é que nos próximos anos, setores como energia, transição energética, manufaturas de alto padrão e minerais críticos vão seguir entre os mais promissores para a atração de investimentos chineses no Brasil.

Acompanhe tudo sobre:Chinaeconomia-brasileira

Mais de Economia

Com avanço do setor de serviços, PIB de SP cresce 2,5% em 12 meses

Rio de Janeiro está virando a ‘oficina de motores de avião do mundo’ e terá planta de R$ 430 milhões

Combustíveis fósseis na Amazônia devem ser debatidos na COP, pedem ambientalistas

Haddad pede a Alcolumbre atenção a projeto de reação ao tarifaço