Economia

Reforma tributária criará 'guerra por talentos', diz presidente do IBEF, de executivos de finanças

João Batista Ribeiro avalia que empresas precisarão investir em pessoas e tecnologia para sobreviver à nova realidade do mercado que farão as mudanças no sistema de impostos sobre o consumo

"Temos que investir em tecnologia, em mudança de processo e, principalmente, em pessoas", disse o executivo (Synergy/Thomson Reuters/Divulgação)

"Temos que investir em tecnologia, em mudança de processo e, principalmente, em pessoas", disse o executivo (Synergy/Thomson Reuters/Divulgação)

Publicado em 22 de março de 2025 às 08h01.

A transformação tributária que está em curso no Brasil promete não apenas mudanças estruturais nas empresas, mas também um impacto significativo no mercado de trabalho, garante João Batista Ribeiro, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP). Em evento sobre a reforma tributária, o Synergy, realizado pela Thomson Reuters, o executivo trouxe à tona um dos maiores desafios que as empresas enfrentarão nos próximos anos: "a guerra por talentos" na área da contabilidade.

"Para aqueles que são líderes da área tributária, eu sugiro cuidarem dos seus times. É bom avaliar se eles estão recebendo bem, pagar melhor, porque nós vamos entrar numa guerra por talentos. E não tem tantos talentos assim no mercado", afirmou.

Ribeiro, que por quase 9 anos foi CFO da empresa de tecnologia Dell EMC, avaliou que para a transição ser bem-sucedida, as organizações precisarão investir fortemente em treinamento, educação e na atração de novos talentos.

Como mostrou a EXAME, grandes empresas como Tigre, Mercado Livre e IBM já estão promovendo uma reestruturação fiscal e tecnológica para se adaptarem às novas regras e garantir maior competitividade.

"A gente vai ter que educar as nossas equipes para trabalhar nesse novo mundo, onde a tecnologia será ainda mais predominante e a nossa função vai mudar", o vice-presidente da IBEF, que vem atuando como hub para discussão sobre a reforma tributária entre os seus 1.500 associados.

Segundo ele, a introdução de novas tecnologias, processos e mudanças no cenário tributário exigirá que as empresas não apenas contratem novos profissionais, mas também preparem os atuais para as novas demandas. "Gerenciar talentos não é apenas reter os que já temos, é também trazer outros profissionais que possam contribuir com novas competências e visões", explicou Ribeiro.

Reforma tributária é uma reforma de negócios, diz Ribeiro

A crise no mercado de talentos não é novidade, mas, com a reforma tributária se aproximando, a pressão para que as empresas se adaptem rapidamente será ainda maior.

No ano passado, uma pesquisa da IOB a pedido do jornal Folha de S. Paulo mostrou que a maioria dos contadores brasileiros, um total de 59,5%, preveem aumento na procura por esses serviços a partir da implantação da reforma.

Para 37%, os preços dos serviços de contabilidade vão subir. Outros 38% avaliavam que não haveria mudança.

Ribeiro destaca, porém, que a reforma tributária não será apenas uma mudança no setor de impostos. A transformação afetará todas as áreas da empresa, desde o setor de vendas, que precisará compreender o impacto tributário nas transações, até a logística, que será responsável por redefinir estratégias de distribuição para otimizar os custos, garante.

"Este não é um movimento apenas da área de impostos. A mudança será de negócios", disse o executivo. "E precisamos reservar valor para investir. E não é pouco. Temos que investir em tecnologia, em mudança de processo e, principalmente, em pessoas."

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