Agência de notícias
Publicado em 22 de julho de 2025 às 17h31.
O setor de máquinas e equipamentos será um dos mais afetados com a sobretaxa de 50%, que será aplicada sobre as importações de produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A estimativa é de uma perda de 7% do faturamento, o correspondente a cerca de US$ 4 bilhões por ano.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, ao contrário de outros segmentos da economia, o setor de bens de capital não tem outro caminho para desovar seus estoques.
As máquinas, quando compradas, são feitas por encomenda, com regras e padrões pré-definidos e, de forma geral, só servem àquele determinado cliente.
"Dez por cento do comércio entre Brasil e EUA são máquinas. Só ficamos atrás de petróleo e derivados. Vendemos equipamentos para energia, transporte rodoviário, construção civil, assim como componentes. Não temos como desviar nossos produtos para outros mercados, como acontece no caso das commodities, por exemplo. Não vendemos porque queremos, mas porque alguém quer comprar", disse Velloso.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 40 bilhões para os EUA. As vendas de máquinas e equipamentos somaram quase US$ 4 bilhões, o equivalente a 7% do faturamento do setor. O total de bens de capital exportado pelo Brasil é de US$ 14 bilhões.
Para o executivo da Abimaq, a política protecionista do presidente dos EUA, Donald Trump, faz parte de uma disputa comercial com a China, mas também está voltada para a reindustrialização do país, com aumento do conteúdo local, e a reversão de um déficit comercial que os americanos têm com o mundo, estimado em US$ 918 bilhões.
"O Brasil é exceção. Os EUA têm superávit em nossa balança comercial", disse o presidente da Abimaq.
Velloso ressaltou que existem, no Brasil, cerca de 4 mil empresas americanas, com elevados investimentos no país, que se preocupam com o cenário atual. Além disso, há as firmas dos EUA que dependem de insumos brasileiros para produzirem.
Ao anunciar a sobretaxa de 50%, há cerca de duas semanas, Donald Trump usou três justificativas: disse que os EUA têm déficit com o Brasil, o que não é verdade; afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo vítima de uma perseguição pelo Judiciário brasileiro; e se queixou da regulamentação que atingirá as grandes plataformas americanas.
Na última sexta-feira, os EUA suspenderam o visto de sete magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) e outras autoridades. Um dos principais alvos é o ministro Alexandre de Moraes.