Economia

Siderurgia brasileira deve perder US$ 1,5 bi de exportações com as tarifas de Trump, mostra Ipea

Levantamento afirma que haverá pouco impacto no PIB do país; Instituto Aço Brasil diz confiar que governo brasileiro e o americano vão negociar para manter condições especiais para o Brasil

Ipea: Brasil que exporta mais de 50% do aço para os EUA (Gerdau/Divulgação)

Ipea: Brasil que exporta mais de 50% do aço para os EUA (Gerdau/Divulgação)

Agência o Globo
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Publicado em 12 de março de 2025 às 16h55.

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calculou em US$ 1,5 bilhão a perda em exportações do setor siderúrgico brasileiro com as novas tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos ao aço este ano e queda na produção de quase 700 mil toneladas. Começou a valer nesta quarta-feira a nova taxação, inclusive para o Brasil que exporta mais de 50% do produto para os EUA.

“Isso se deve ao fato de que os Estados Unidos são um mercado muito importante para o aço brasileiro. Em 2024, último dado de ano fechado que nós temos, eles foram destino de mais da metade das exportações. Portanto, é um mercado crucial de aço para o Brasil e daí a importância de se lidar com essa questão”, explica Fernando Ribeiro, coordenador de Relações Econômicas Internacionais do Ipea. em nota divulgada pelo Ipea.

Diante do peso do mercado americano para a indústria siderúrgica brasileira, o Instituto Aço Brasil e as empresas associadas, em nota divulgada nesta quarta-feira, afirmam que "mantêm a expectativa de que, com a abertura do canal de diálogo pelo governo brasileiro com o governo norte-americano, seja possível prosseguir com as negociações para reestabelecer as bases do sistema de importação construído no primeiro governo de Donald Trump com o Brasil, em 2018, e que vigorou até esta terça-feira".

O impacto das cotas de importação e a resistência dos CEOs das siderúrgicas americanas

No primeiro governo Trump, foram estabelecida cotas de entrada de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados e 687 mil toneladas de laminados, isentas de impostos, segundo a entidade. Mas, na última sexta-feira, os CEOs das três maiores siderúrgicas americanas pediram ao presidente Donald Trump que resista a fazer qualquer concessão na decisão de taxar em 25% todas as importações de aço. Eles afirmam que trocar a taxação por cotas, medida adotada na primeira gestão do republicano, não adiantou e que manter as tarifas anunciadas como estão é questão de segurança nacional.

Pelo estudo do Ipea, as novas tarifas de Trump podem gerar queda de 2,19% da produção, contração de 11,27% das exportações do metal e redução de 1,09% das importações. Pelos cálculos de Ribeiro, o efeito no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro será residual, de apenas -0,01% e de -0,03% nas exportações totais. Ribeiro defende uma negociação para manter a situação como era antes da nova taxação:

“O Brasil tem uma indústria siderúrgica bastante desenvolvida, bastante forte e que exporta, principalmente produtos semiacabados. É importante que o país busque algum tipo de negociação para o governo americano para reverter essa medida e impedir que isso possa trazer prejuízos para o setor”, diz Ribeiro.

Segundo a nota do Instituto Aço Brasil, a indústria brasileira respondeu por 60% da demanda das usinas dos Estados Unidos por placas, de 5,6 milhões de toneladas.

"O Aço Brasil reafirma que o não reestabelecimento do acordo trará perdas não só para a indústria de aço brasileira, mas também para a indústria do aço norte-americana."

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