Economia

Copom deve;ser paciente quanto à queda da inflação, diz Loyola

Segundo ex-presidente do Banco Central, não é prudente abandonar o índice cheio como baliza do sistema de metas de inflação, nem fixar metas mais altas. Basta aceitar que em uma economia como a brasileira, a convergência ao centro da meta é necessariament

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h58.

Em um país com forte inércia inflacionária como o Brasil, a convergência para patamares menores de inflação deve ser necessariamente um processo lento. Segundo Gustavo Loyola, sócio da consultoria Tendências, se a autoridade monetária não quiser prejudicar o crescimento do emprego e da economia, essa lentidão é obrigatória. As variações do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2002, 2003 e 2004 de 12,5%, 9,3% e 7,6%, respectivamente, caracterizam "um processo de convergência lento, mas contínuo", argumenta Loyola. Caberá ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) julgar, "mais com arte do que com ciência", se o recuo dos 7,6% do ano passado para a meta de 5,1% em 2005 "é razoável em termos de sacrifício do crescimento econômico".

Loyola recupera o histórico do uso do índice cheio da inflação para balizar o sistema de metas. Em sua avaliação, o emprego do IPCA pleno, no início de 1999, foi correto porque deu maior transparência ao regime. A alternativa seria adotar uma medida de núcleo inflacionário, que excluiria as tarifas públicas e preços reajustados por indexadores de contratos de concessão, como os de telefonia. Mas, na avaliação de Loyola, as medidas de núcleo, que excluem da inflação determinados preços, são arbitrárias. "Seu uso pode criar um 'shopping' de medidas de inflação, cada agente econômico comprando o indicador prêt-à-porter mais conveniente a suas idéias e interesses."

Como a opção foi pelo índice cheio, deu-se ao BC uma faixa de tolerância relativamente larga em torno da meta de inflação, porque o IPCA pleno é mais sensível a choques de oferta. O problema é que o direito dado ao BC para usar a faixa de tolerância também o tornou mais vulnerável a críticas. Se é gradualista, o BC arrisca a credibilidade do sistema. Se é rigoroso, sofre a acusação de ignorar a natureza parcialmente inercial do processo inflacionário e praticar juros inutilmente altos, como afirmou o ministro Luiz Fernando Furlan. De qualquer modo, diz Loyola, os motivos que levaram à opção por um índice cheio em 1999 continuam plenamente válidos, "num país em que muitos formadores de opinião ainda minimizam os custos da inflação".

O que resta ao Conselho Monetário Nacional, na fixação da meta, e ao BC, na execução da política monetária, é calibrar a velocidade da convergência à meta, aceitando um ritmo mais lento para evitar "custos desinflacionários excessivos para a sociedade".

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