Economia

Tarifas de Trump podem custar US$ 2 trilhões até 2027 e frear economia global

EUA atingem maior nível tarifário desde 1930; guerra comercial trava investimentos, desorganiza cadeias produtivas e ameaça crescimento mundial

Publicado em 28 de julho de 2025 às 07h07.

As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem causar um impacto de US$ 2 trilhões até 2027 em relação ao cenário anterior ao conflito tarifário, segundo estimativas da Bloomberg Economics. O nível médio de tarifas aplicado pelos EUA já é o mais alto desde a década de 1930, atingindo 13,5% — valor seis vezes superior ao observado quando Trump assumiu o cargo no início do ano.

Desde abril, quando o governo americano fez o "Dia da Libertação", as tarifas mais amplas começaram a atingir parceiros estratégicos, incluindo a União Europeia, Japão, Canadá, China e países emergentes como Brasil, Índia e Vietnã. As medidas têm paralisado investimentos, redesenhado cadeias de suprimentos e pressionado empresas a rever margens e preços.

O choque tarifário começou em 5 de abril de 2025, quando os EUA aplicaram uma tarifa universal de 10% sobre praticamente todas as importações, além das tarifas setoriais já existentes. Poucos meses depois, em julho, Trump aumentou a pressão sobre a China, elevando as tarifas sobre produtos chineses para 145%, e ameaçou aplicar sobretaxas específicas — incluindo um imposto de 50% sobre o Brasil — caso não houvesse acordos até 1º de agosto.

Os impactos das tarifas

Estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Banco Mundial indicam que as medidas podem retirar entre 0,4 e 1 ponto percentual do PIB global em 2025 e 2026, com o crescimento do comércio mundial caindo pela metade em relação ao ritmo de 2024. A OCDE também estima que as tarifas podem adicionar de 0,3 a 0,5 ponto percentual à inflação das economias avançadas até 2026.

No Brasil, que exportou US$ 40,9 bilhões aos EUA em 2024 (12% do total), o impacto do imposto de 10% atualmente em vigor é considerado limitado, equivalente a -0,05% do PIB, segundo simulações da Oxford Economics. Porém, se a tarifa de 50% entrar em vigor, o choque pode reduzir o PIB brasileiro em 0,41% no primeiro ano, com quedas expressivas nas exportações do agronegócio — café, suco de laranja e carnes seriam os mais afetados. Esse cenário também poderia adicionar até 0,7 ponto percentual à inflação em 2026.

Enquanto isso, setores como o automotivo e o de eletrônicos já sentem os efeitos imediatos. A indústria automobilística europeia prevê queda de até 6% nas exportações para os EUA, enquanto fabricantes japoneses de veículos estimam um impacto de 0,55% no PIB do Japão. Nos EUA, os preços de eletrônicos já subiram entre 7% e 9% em maio, e as montadoras projetam alta de 20% no preço final de carros elétricos.

Com a escalada tarifária, especialistas apontam que a incerteza é o maior fator de risco. O FMI alerta que a volatilidade nos mercados financeiros aumentou, enquanto o JPMorgan prevê queda de até 5% nos investimentos globais em capital fixo em 2025. Caso as negociações não avancem e as tarifas sejam ampliadas, o impacto econômico global pode se aproximar do limite de 1 ponto percentual de perda no PIB até 2026, segundo projeções do mercado.

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