Economia

Taxa de desemprego no Brasil fica em 5,6% em agosto e repete mínima histórica

O resultado veio em linha com a expectativa do mercado financeiro, que projetava uma taxa de 5,6%

 (Renato P Castilho/Getty Images)

(Renato P Castilho/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 30 de setembro de 2025 às 09h02.

Última atualização em 30 de setembro de 2025 às 09h36.

A taxa de desemprego no trimestre encerrado em agosto de 2025 caiu para 5,6%, queda de 0,6 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre de encerrado em maio de 2025 (6,2%) e queda de 1 p.p. ante o trimestre móvel encerrado em agosto de 2024, quando a taxa foi de 6,6%.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta terça-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice repete o trimestre encerrado em julho, e segue no patamar mais baixo desde 2012, início da série histórica da PNAD.

O resultado veio em linha com a expectativa do mercado financeiro, que projetava uma taxa de 5,6%.

Com o novo resultado, o Brasil contabiliza 6,1 milhões de pessoas desocupadas no trimestre encerrado em agosto, o menor volume já registrado na série histórica.

O número representa uma queda de 9% frente ao trimestre encerrado em maio, com menos 605 mil pessoas sem trabalho. Na comparação anual, a retração é ainda mais expressiva: 14,6%, o equivalente a menos 1 milhão de desocupados em relação ao mesmo período de 2024.

Por que o desemprego está na mínima histórica

De acordo com o analista da pesquisa, William Kratochwill, a queda na desocupação passa pelo setor de educação pública. Esse grupo faz parte dos trabalhadores sem carteira do setor público, que cresceu 5,5% em relação ao trimestre até maio e ficou estável (0,8%) frente ao trimestre até agosto de 2024.

"A educação pré-escolar e fundamental fazem contratações ao longo do primeiro semestre. São trabalhadores sem carteira, com contratos de trabalho temporários", disse.

Por atividade, a Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foi a única a apresentar crescimento em pessoas ocupadas nas duas comparações: 1,7%, ou mais 323 mil pessoas em relação ao trimestre encerrado em maio, e 4,2%, ou mais 760 mil pessoas frente ao mesmo período de 2024.

Por outro lado, os Serviços domésticos foram a única atividade a registrar queda nas duas comparações: 3,0%, ou menos 174 mil pessoas em comparação com o trimestre anterior, e 3,2%, ou menos 187 mil pessoas em relação ao trimestre encerrado em agosto de 2024.

Em comparação com o trimestre anterior (março-abril-maio), houve também aumento na Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (4,4%, ou mais 333 mil pessoas). "A alta na agricultura é explicada pela safra de café no Nordeste e Sudeste, regiões que mais contribuíram para a ocupação, com destaque para a Bahia", disse o analista do IBGE.

Na comparação com o mesmo período de 2024, a outra atividade com crescimento foi Transporte, armazenagem e correio (5,5%, ou mais 311 mil pessoas). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa.

“Muitas vezes, em momentos mais difíceis da economia, as pessoas migram para os serviços domésticos. O que podemos estar presenciando é o movimento contrário, onde os trabalhadores identificam melhores oportunidades de trabalho, com melhores condições e rendimentos, e deixam os serviços domésticos”, afirmou Kratochwill.

Conta própria sem CNPJ é o único a registrar alta entre os informais

A taxa de informalidade foi de 38% da população ocupada, o que equivale a 38,9 milhões de trabalhadores informais, contra 37,8% (ou 38,6 milhões) no trimestre anterior e 38,9% (ou 39,1 milhões) no trimestre encerrado em agosto de 2024.

O aumento na informalidade foi registrado no trabalhador por conta própria sem CNPJ, que alcançou 19,1 milhões de pessoas, com crescimento de 1,9% em relação ao trimestre até maio e de 2,9% em comparação com o mesmo período de 2024.

"Isso indica que as pessoas estão se voltando para o trabalho autônomo. São trabalhadores com menor nível de escolaridade, geralmente nas áreas de comércio e alimentação. Uma parte dos desalentados pode ter migrado, em parte, para a informalidade", afirmou o analista da PNAD.

Rendimento médio chega a R$ 3.488

O rendimento médio real habitual alcançou R$ 3.488 no trimestre até agosto, mantendo-se estável em relação ao trimestre até maio e registrando um aumento de 3,3% em comparação com o mesmo trimestre de 2024. Com isso, a massa de rendimento médio real habitual totalizou R$ 352,6 bilhões, apresentando alta de 1,4% frente ao trimestre até maio e de 5,4% em relação ao mesmo período de 2024.

Por posição na ocupação, o rendimento permaneceu estável em todas as categorias em comparação com o trimestre encerrado em maio, exceto na categoria de Militar e funcionário público estatutário, que teve uma alta de 3,0%.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, houve aumento no rendimento de empregado com carteira de trabalho assinada (2,0%, ou mais R$ 64), empregado sem carteira de trabalho assinada (5,0%, ou mais R$ 118), trabalhador doméstico (5,3%, ou mais R$ 68), empregado no setor público (incluindo servidor estatutário e militar) (4,1%, ou mais R$ 206) e conta-própria (4,6%, ou mais R$ 127).

Entre as atividades, o aumento no rendimento, em relação ao trimestre até maio, foi puxado pela Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (1,9%, ou mais R$ 89). Os demais grupos não apresentaram variação significativa. Na comparação com o trimestre encerrado em agosto de 2024, o rendimento aumentou em Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (6,6%, ou mais R$ 136), Construção (5,1%, ou mais R$ 132), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,7%, ou mais R$ 171) e Serviços domésticos (5,3%, ou mais R$ 68).

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