Economia

Taxa de juros deve permanecer elevada por 'período prolongado', afirma Galípolo

Galípolo defendeu ainda que a meta de inflação perseguida pelo BC deve ser de 3%

Gabriel Galípolo: presidente do Banco Central discursou em palestra na abertura do 33º Congresso e Expo Fenabrave (Raphael Ribeiro/BC/Flickr)

Gabriel Galípolo: presidente do Banco Central discursou em palestra na abertura do 33º Congresso e Expo Fenabrave (Raphael Ribeiro/BC/Flickr)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 16h55.

Última atualização em 27 de agosto de 2025 às 17h00.

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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quarta-feira, 27, que a taxa básica de juros (Selic), que a taxa básica de juros (Selic), atualmente fixada em 15%, deverá permanecer elevada por um "período prolongado". Segundo ele, a convergência da inflação para a meta está em andamento, mas de forma gradual.

“A gente vem reforçando que essa taxa de juros deve permanecer por um período prolongado nesse patamar restritivo, justamente porque a gente está num cenário de ter descumprido a meta”, justificou.

A declaração sobre o rumo da política monetária foi feita durante a abertura do 33º Congresso e Expo Fenabrave, cujo tema foi "Conectando o Presente e o Futuro", promovido pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em São Paulo.

A fala de Galípolo segue a linha dos recentes comunicados do Comitê de Política Monetária (Copom), que tem reforçado a estratégia de manter a Selic em níveis elevados por um período prolongado, a fim de garantir a convergência da inflação para a meta.

O presidente do BC também ressaltou que a instituição "não pode se emocionar" com dados e precisa aguardar para tomar decisões com convicção. Nas últimas semanas, analistas de mercado reduziram as projeções para o IPCA no final de 2025.

“A velocidade e função de reação do BC é e precisa ser diferente de um agente de mercado”, disse.

Galípolo defendeu ainda que a meta de inflação perseguida pelo BC deve ser de 3%. Ele considerou que a faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual acima ou abaixo da meta serve apenas para suavizar eventuais surpresas.

"Se você falar que aceita [uma inflação de] 4,5%, a sensação do mercado é de que é um BC que não persegue 3%, mas sim 4,5%, e, quando ocorrer alguma surpresa, a inflação irá estourar os 4,5%. Significa que a moeda é menos bem defendida pelo BC e tem tendência a perder mais valor”, afirmou.

Economia resiliente

O presidente também revisitou a trajetória da taxa de juros desde 2023, destacando que, após um ciclo de cortes seguidos de aumentos, a Selic estabilizou em um nível restritivo. Segundo Galípolo, tanto em termos históricos quanto em comparação com outros países, essa taxa ainda é elevada.

"Mesmo com a taxa de juros neste patamar, estamos com o nível de desemprego mais baixo da história e com a maior renda do trabalhador registrada até hoje. Apesar da taxa restritiva, a economia demonstra resiliência no mercado de trabalho, o que impulsiona a demanda", observou.

Galípolo ainda destacou que nos últimos anos houve uma mudança na eficácia da política fiscal sobre a economia. Ele explicou que, ao adotar uma política tributária mais progressiva e implementar programas focados na distribuição de renda, aumenta-se a renda e a propensão ao consumo, dinamizando a economia.

O presidente disse que o papel do BC é interpretar e entender esses fenômenos de maneira objetiva, levando em consideração o impacto das políticas fiscais sobre o crescimento econômico.

“O que parece ter acontecido é que a renda tem se mostrado bastante resiliente. Estamos com o nível de desemprego mais baixo da série histórica, alcançando 5,8%, ou 5,7% dessazonalizado, o menor nível da história, e com o maior nível de renda do trabalhador. Mesmo com uma taxa de juros restritiva, vemos uma demanda mais forte”, concluiu.

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