Economia

Taxação do aço e do alumínio prejudica parceria histórica com EUA, diz CNI

Os Estados Unidos são o principal parceiro do Brasil nas exportações da indústria de transformação

Ipea calcula num prejuízo de US$ 1,5 bilhão para o Brasil (Thomas Barwick/Getty Images)

Ipea calcula num prejuízo de US$ 1,5 bilhão para o Brasil (Thomas Barwick/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 12 de março de 2025 às 21h02.

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifestou preocupação e discordância em relação à taxação de 25% imposta pelos Estados Unidos sobre o aço e alumínio exportados pelo Brasil. A medida entrou em vigor nesta quarta-feira, 12.

“Historicamente, nossa relação com os EUA sempre valorizou as vantagens competitivas de cada país, com ganhos mútuos, sobretudo nestes segmentos. A taxação mostra total falta de percepção da complementariedade que construímos ao longo dos anos”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Ele reconhece o empenho do governo brasileiro na busca por uma solução junto aos EUA, mas defende firmeza nas negociações a fim de reverter as taxações consideradas “desproporcionais” impostas ao Brasil. “O reposicionamento global dos Estados Unidos nos preocupa. Não temos dúvida de que há um equívoco quanto à relação com o Brasil, principalmente no que tange ao aço e ao alumínio”, enfatiza o executivo.

“Temos uma exportação complementar de produtos intermediários, que permitem que os EUA agreguem valor em toda uma linha de equipamentos, inclusive automotivos. E o Brasil é um dos grandes compradores desses bens”, acrescenta o presidente da CNI.

Os Estados Unidos são o principal parceiro do Brasil nas exportações da indústria de transformação, especialmente de produtos com maior intensidade tecnológica, comércio de serviços e investimentos bilaterais. Em 2024, a indústria de transformação brasileira exportou US$ 31,6 bilhões em produtos para os EUA. Além disso, o Brasil é o quarto maior fornecedor de ferro e aço aos norte-americanos – 54% das exportações brasileiras desses produtos são para o país.

“Obviamente, existem decisões políticas e estratégicas de cada país, especialmente num mundo integrado, mas acho que a forma mais adequada de solucionar os impasses é o diálogo. A CNI, conjuntamente com as associações setoriais, atuará junto ao governo brasileiro para encontrar a melhor saída para a situação”, afirmou.

Prejuízo bilionário

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calculou em US$ 1,5 bilhão a perda em exportações do setor siderúrgico brasileiro com as novas tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos ao aço este ano e queda na produção de quase 700 mil toneladas. Começou a valer nesta quarta-feira a nova taxação, inclusive para o Brasil que exporta mais de 50% do produto para os EUA.

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