EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h16.
A economia mundial atravessa um período de prosperidade sem precedentes. Enquanto isso, o Brasil completa uma década de crescimento medíocre. Veja a opinião de presidentes de grandes empresas em operação no país sobre os principais problemas enfrentados pelas companhias para crescer ainda mais.
"Em uma economia globalizada não adianta corrermos a 100 km por hora, enquanto nossos concorrentes, os outros países emergentes, correm a 200", diz Philipe Prufer, presidente da Eli Lilly do Brasil
"Estamos avaliando a construção de uma fábrica de celulose no Sul da Bahia, mas é desanimador saber que de 1 bilhão de dólares do investimento, 140 milhões servirão para pagar impostos", diz David Feffer, presidente do conselho de administração do grupo Suzano
"Enquanto consigo investimento da matriz para melhorar a produtividade das nossas fábricas no Brasil, outros países emergentes conseguem o triplo para investir em inovação", diz Geraldo Barbosa, presidente da Becton&Dickinson do Brasil
"Estamos perdendo espaço em mercados consumidores importantíssimos pelo atraso no estabelecimento de acordos comerciais com outros países e blocos econômicos", diz Herbert Schmid, presidente da Santista Têxtil
"A roda está pegando onde todos sabíamos que iria pegar: na infra-estrutura. Nossa fábrica fica em Manaus, para onde não há vôos suficientes e onde o aeroporto tem um único técnico fitossanitário para inspecionar as cargas", diz Fernando Terni, presidente da Nokia no Brasil
"Não queremos igualar as condições de trabalho brasileiras às chinesas. Mas para competirmos com a China, a legislação trabalhista tem de ser modernizada e os outros fatores, como a infra-estrutura, têm de estar tinindo", diz Antônio Britto, presidente da Azaléia
"A base do nosso atraso está na falta histórica de planejamento de longo prazo. Nenhum governo consegue listar quatro metas claras para o país nos próximos 10 anos", diz José Ruy Antunes, presidente da SAP
"Quase todos os problemas do país decorrem da péssima gestão do poder público. Não avançaremos sem um choque de gestão como houve no setor privado", diz Luiz Ernesto Gemignani, presidente da Promon
"Fora o altíssimo custo do dinheiro, a informalidade da economia dificulta o acesso ao crédito de uma parcela muito importante de consumidores que não consegue comprovar renda e, portanto, freia a economia", diz Roberto Salas, presidente da Amanco Brasil
"A legislação trabalhista brasileira tem amarras que nos impede de contratar o número de pessoas de acordo com a demanda exata de trabalho. Perdemos 10% das horas trabalhadas pelos nossos 44 000 empregados", diz Agnaldo Calbucci, presidente da Atento do Brasil
"A baixa inserção do Brasil no comércio internacional é um dos principais motivos do nosso baixo crescimento. Precisamos de uma política cambial mais coerente com a tendência mundial. O câmbio apreciado dificulta muito as atividades exportadoras", diz Antonio Correa de Lacerda, diretor de estratégia corporativa da Siemens
"O Brasil é o único país do mundo que cobra imposto de importação para remédios em estágio de pesquisa clínica. Com isso, perdemos investimentos das multinacionais e a oportunidade de educar a comunidade médica", diz Rogério Vivaldi, presidente da Genzyme Biotecnologia