Geração de energia eólica baseia-se na conversão da energia cinética dos ventos em energia elétrica: expansão depende de avanços com relação a políticas públicas (Mario Tama/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 4 de maio de 2025 às 06h06.
Nos próximos 10 anos, o consumo interno de energia deverá crescer em média 2,1% ao ano, com participação cada vez maior das fontes renováveis na geração de eletricidade. País de dimensões continentais, o Brasil reúne as melhores condições para usinas solares e eólicas, que no cenário da transição energética se apresentam com grande potencial de crescimento.
Em novembro de 2024, o Brasil alcançou recorde na geração de energia eólica. No dia 3, a geração média horária atingiu 23.699 megawatts médios (MWmed), enquanto no dia 4 foi registrado o recorde de geração média diária: 18.976 MWmed. Os números refletem a força do setor eólico nacional, que já representa a segunda principal fonte da matriz elétrica brasileira, mas escondem tensões estruturais.
Em 2024, a instalação de novas usinas eólicas caiu 31,25% em relação ao ano anterior, totalizando apenas 3,3 GW adicionados. Segundo a advogada da área de Contencioso e Arbitragem com ênfase em Energia do BBL Advogados, Bianca Bez, essa retração se deve a fatores como a sobreoferta de energia no mercado regulado e a crise no setor de fabricantes de aerogeradores.
“Embora o potencial técnico da energia eólica – especialmente offshore – coloque o Brasil entre os líderes globais em capacidade de expansão renovável, as perspectivas futuras não podem ser analisadas apenas sob a ótica das promessas tecnológicas. É preciso considerar os entraves institucionais e econômicos que hoje impedem a plena realização desse potencial”, afirmou Bez.
“Políticas públicas mal desenhadas, mesmo quando bem-intencionadas, podem gerar alocações ineficientes de recursos ao não internalizar os riscos reais enfrentados pelos agentes”, completou.
A geração de energia eólica baseia-se na conversão da energia cinética dos ventos em energia elétrica. Turbinas eólicas – também chamadas de aerogeradores – captam o vento por meio de suas pás, que giram e movimentam um eixo conectado a um gerador. Este transforma a energia mecânica em elétrica, que é então enviada para a rede de transmissão.
E para garantir um suprimento de potência elétrica confiável e seguro, é essencial assegurar a disponibilidade de recursos suficientes para atender à demanda. Visto como solução complementar, o armazenamento de energia elétrica por meio de baterias, impulsionado pela significativa redução de custos nos últimos anos, tem sido adotado globalmente para diversas finalidades, como oferta de serviços, estabilidade e qualidade dos sistemas.
No início do mês, o Ministério de Minas e Energia optou por cancelar a realização de um leilão de reserva de capacidade até então previsto para ocorrer no final de junho. Segundo a Pasta, a motivação se deu pela acirrada disputa judicial entre os grupos envolvidos.
“Uma consulta pública deve ser aberta em breve sobre o conjunto de diretrizes e da sistemática, incluindo a fórmula destinada a estimular a contratação de menor custo para o consumidor. Os prazos devem ser definidos para que o leilão ocorra ainda neste ano”, justificou o Ministério em nota divulgada em sua página na internet.