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China suspende tarifas sobre produtos dos EUA: o que isso significa no cenário de tensão comercial

Um dos produtos com isenção confirmada é o etano, matéria-prima essencial para a indústria petroquímica

 A China é responsável por cerca de metade das exportações de etano dos EUA, segundo dados da U.S. Energy Information Administration. (Montagem/AFP)

A China é responsável por cerca de metade das exportações de etano dos EUA, segundo dados da U.S. Energy Information Administration. (Montagem/AFP)

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Publicado em 3 de maio de 2025 às 10h05.

A China suspendeu recentemente as tarifas sobre uma série de produtos estadunidenses, incluindo etano e itens farmacêuticos – acenando com um possível recuo na escalada da guerra comercial com os EUA. A decisão representa um alívio parcial diante das tensões intensificadas no início de abril, quando os dois países trocaram aumentos tarifários consecutivos.

De acordo com as agências internacionais Reuters e Bloomberg, o governo chinês isentou determinados produtos norte-americanos de uma tarifa de 125% que havia sido imposta como retaliação às taxas de até 145% anunciadas pelo presidente Donald Trump sobre importações chinesas. Embora a lista oficial de produtos com isenção ainda não tenha sido divulgada, empresas e associações comerciais relatam que equipamentos médicos, substâncias químicas industriais e produtos farmacêuticos estão entre os beneficiados.

Um dos produtos com isenção confirmada é o etano, matéria-prima essencial para a indústria petroquímica. Com a suspensão da tarifa, empresas chinesas, como a Satellite Chemical, a SP Chemicals e a Sinopec, terão acesso mais competitivo ao gás norte-americano, o que também abre mercado para exportadoras dos EUA, como Enterprise Products Partners e Energy Transfer. Vale ressaltar que a China é responsável por cerca de metade das exportações de etano dos EUA, segundo dados da U.S. Energy Information Administration.

O gesto de Pequim ocorre em um momento de tensão diplomática entre as duas maiores economias do mundo. Nos últimos dias, o Ministério do Comércio da China negou publicamente que existam negociações comerciais em andamento com os Estados Unidos. A declaração foi uma resposta direta a falas de Donald Trump – que afirmou ter recebido um telefonema do presidente Xi Jinping sobre a disputa tarifária. “Atualmente não há negociações econômicas ou comerciais entre a China e os EUA”, afirmou o porta-voz He Yadong.

Sinais positivos

Apesar da retórica dura, representantes empresariais veem sinais positivos. O presidente da Câmara Americana de Comércio na China, Michael Hart, declarou que o governo chinês tem consultado empresas locais para identificar produtos importados dos EUA sem substitutos viáveis no mercado. Para Hart, o movimento pode indicar um esforço inicial de ambas as partes para rever suas políticas tarifárias com foco em exclusões específicas.

Do lado estadunidense, Trump já mencionou que está disposto a negociar um “acordo justo” com a China e que as tarifas atuais poderiam ser reduzidas substancialmente, ainda que não eliminadas. A Casa Branca, no entanto, afirmou que não haverá redução unilateral. A porta-voz Karoline Leavitt destacou que o objetivo é pressionar por um acordo em condições favoráveis aos Estados Unidos, mencionando inclusive a necessidade de observar práticas não tarifárias.

A atual escalada teve início no começo de abril, quando os EUA elevaram tarifas sobre produtos chineses para até 145%, em resposta a supostas práticas comerciais desleais. A China respondeu com tarifas de 125% sobre uma ampla gama de produtos norte-americanos. A troca de sanções elevou o risco para cadeias globais de suprimento e aumentou os temores de recessão em diversas economias.

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