O aumento do petróleo deve se refletir no preço dos combustíveis, nos custos de transporte e, por tabela, no preço de alimentos e produtos industriais (Olga Rolenko/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 17 de junho de 2025 às 20h25.
A escalada do conflito entre Israel e Irã reacendeu temores no mercado internacional sobre o fornecimento de petróleo e a estabilidade geopolítica no Oriente Médio. Desde os ataques israelenses às instalações estratégicas iranianas, o preço do petróleo disparou mais de 8% em apenas um dia. As bolsas globais também reagiram em queda, enquanto investidores buscaram refúgio em ativos como ouro, dólar e franco suíço.
O barril do tipo Brent, referência global, foi negociado a US$ 78,50 – o maior valor desde janeiro. Já o WTI, referência nos EUA, atingiu US$ 77,62. Embora os fluxos de petróleo no Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de um quarto do petróleo comercializado no mundo, não tenham sido interrompidos até agora, analistas alertam que qualquer bloqueio pode elevar os preços para mais de US$ 120 por barril.
A preocupação principal gira em torno da possibilidade de o Irã retaliar fechando esse corredor marítimo estratégico, aumentando a pressão sobre o fornecimento global de energia.
Até o momento, a estatal iraniana de petróleo afirma que suas operações seguem normais, mas o receio de uma escalada concreta do conflito gerou incerteza nos mercados. O risco de interrupções na cadeia de exportação também decorre dos ataques israelenses a refinarias e instalações logísticas no território iraniano.
Ainda que o Irã exporte majoritariamente para a China, a lógica da commodity impõe uma pressão sobre o mercado global: com menos oferta, os preços sobem – e os impactos são sentidos em diferentes países, inclusive no Brasil.
Inflação
As consequências não se restringem ao setor de energia. O aumento do petróleo deve refletir no preço dos combustíveis, nos custos de transporte e, por tabela, no preço de alimentos e produtos industriais. No Brasil, onde 65% da carga circula por rodovias, o encarecimento do frete pode afetar diretamente o consumidor final. Para além disso, a elevação do dólar – considerado um porto seguro – tende a pressionar ainda mais a inflação, dificultando uma queda dos juros em um cenário já sensível.
Apesar da instabilidade, o mercado ainda aposta que o conflito permanecerá contido. A Agência Internacional de Energia (AIE) afirmou estar monitorando a situação de perto e destacou que há estoques emergenciais de mais de 1,2 bilhão de barris disponíveis. Por outro lado, a Opep criticou o que considera uma retórica alarmista, alegando que isso pode aumentar a volatilidade e levar a decisões precipitadas, como o uso desnecessário desses estoques.
Empresas de transporte marítimo, como a gigante Frontline, já anunciaram que evitarão o Estreito de Ormuz, o que pode aumentar os custos logísticos globais. No Brasil, setores como o de carnes – que exportam para países do Golfo – também podem ser impactados, tanto por barreiras logísticas quanto por mudanças cambiais.