Pautas a serem trabalhadas neste semestre podem provocar desdobramentos capazes de afetar o cenário eleitoral do próximo ano (Leandro Fonseca/Exame)
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Publicado em 4 de agosto de 2025 às 18h15.
O Congresso Nacional volta às atividades nesta semana com expectativa sobre o andamento de pautas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a PEC da Segurança Pública, reforma do setor elétrico, e a Medida Provisória sobre a majoração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Além da possibilidade de provocar impactos na agenda econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as pautas acima podem provocar desdobramentos capazes de afetar o cenário eleitoral do próximo ano.
Ainda que o governo tenha conseguido conter a queda da popularidade ao se posicionar contra as tarifas de Donald Trump, o fato de o presidente Lula ter adotado uma postura de enfrentamento ao final do semestre passado, com um reforço na mensagem do ‘nós contra eles’ e direcionando para deputados e senadores a responsabilidade sobre o aumento do gasto público, ainda é foco de ruído e pode ser um obstáculo a ser ultrapassado pelos operadores do Planalto no Congresso.
“Vai ser um semestre intenso no campo político”, resumiu o deputado Luiz Carlos Hauly, do Paraná, que atuou pela primeira vez como parlamentar no ano de 1991, e hoje filiado ao Podemos. Segundo ele, os debates sobre a anistia aos participantes dos atos de 8 de janeiro e a conclusão da regulamentação da reforma tributária devem ser prioridade para os deputados até dezembro.
“Sobre as respostas do Brasil às tarifas de Trump, o governo brasileiro está tendo um bom desempenho. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, faz interlocução de alto nível, e a solução passa por apoiar as empresas brasileiras atingidas e encontrar alternativas para direcionar as exportações. Não vejo qualquer fundamento econômico na taxação de 50% imposta pelo governo americano, que, na minha opinião, se trata verdadeiramente de um embargo”, opinou o deputado fluminense Julio Lopes.
Federação União Progressista
O fortalecimento da federação entre PP e União Brasil e um possível desembarque das siglas pode aumentar o grau de dificuldade para o governo obter a aprovação dos projetos que sejam de interesse do Planalto, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Nesta segunda-feira, 4, o grupo emitiu um posicionamento em que critica o “tom confrontacional” utilizado por Lula para se referir à relação atual com os Estados Unidos, em encontro realizado pelo PT. Na ocasião, Lula reiterou a intenção de substituir o dólar em transações comerciais e acusou os norte-americanos de terem dado um golpe no Brasil, no passado.
“Declarações inflamadas e a evocação de conflitos passados arriscam isolar o Brasil em um momento em que a cooperação internacional é essencial para superar os desafios econômicos globais”, afirmou nota assinada pelos copresidentes da federação, Antonio de Rueda e Ciro Nogueira.