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Entenda por que a inteligência artificial exige o consumo de água

Estudos recentes revelam que o ChatGPT, uma das ferramentas de IA mais populares do mundo, pode consumir até meio litro de água a cada 20 a 50 comandos de texto

A crescente demanda por soluções baseadas em IA exige uma infraestrutura computacional robusta (Freepik)

A crescente demanda por soluções baseadas em IA exige uma infraestrutura computacional robusta (Freepik)

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Publicado em 23 de abril de 2025 às 14h06.

O avanço da inteligência artificial (IA) transformou a maneira como empresas e indivíduos interagem com a tecnologia, mas também trouxe um impacto ambiental pouco discutido: o consumo intensivo de água. A crescente demanda por soluções baseadas em IA – como assistentes virtuais, geradores de texto e imagens – exige uma infraestrutura computacional robusta. E essa infraestrutura, concentrada em data centers, depende de grandes volumes de água para manter seus sistemas operando em temperaturas seguras.

Estudos recentes revelam que o ChatGPT, uma das ferramentas de IA mais populares do mundo, pode consumir até meio litro de água a cada 20 a 50 comandos de texto – número que aumenta significativamente quando se trata da geração de imagens. A cada novo pedido, como a criação de uma ilustração no estilo de um estúdio de animação, o sistema exige um esforço computacional que equivale a dezenas de comandos textuais. Esse esforço gera calor, e o resfriamento dos servidores depende de sistemas que utilizam água em larga escala.

Essa realidade não se restringe à OpenAI, criadora do ChatGPT. Todas as plataformas de IA generativa, como Midjourney e DALL·E, compartilham o mesmo desafio técnico: manter equipamentos de alta performance funcionando continuamente sem superaquecimento. O resfriamento, essencial para evitar falhas, exige sistemas com torres que circulam milhões de galões de água por ano. Em contextos de grande uso, como picos de acesso provocados por tendências virais, esse consumo se intensifica rapidamente.

A dimensão do problema ganha contornos mais amplos quando se observa o panorama global. A Microsoft, por exemplo, aumentou seu consumo de água em 34% entre 2021 e 2022, chegando a quase 1,7 bilhão de galões. Já o Google registrou um aumento de 22%, ultrapassando 5,5 bilhões de galões no mesmo período. Esse consumo tem impacto direto em regiões já vulneráveis, onde o uso intensivo da água por data centers pode competir com os recursos hídricos de comunidades inteiras.

Escassez

Pesquisadores estimam que, até 2027, o setor de IA pode demandar entre 4,2 e 6,6 bilhões de metros cúbicos de água por ano – o equivalente à retirada total de água de países como Dinamarca ou metade do Reino Unido. A escassez de água doce, que já afeta milhões de pessoas, tende a se agravar.

À medida que o uso de IA se consolida como um pilar da transformação digital, a pressão sobre os recursos hídricos cresce proporcionalmente. O caminho para a sustentabilidade nesse novo cenário depende de inovação, regulação e, sobretudo, transparência. Hoje, poucas empresas divulgam dados detalhados sobre o consumo hídrico de seus modelos de IA, o que dificulta análises mais precisas sobre o real impacto ambiental da tecnologia.

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