Esfera Brasil

Um conteúdo Esfera Brasil

Exportações do agro crescem apesar de tarifas dos EUA, aponta Esalq/USP

O bom desempenho é atribuído, principalmente, à valorização dos preços médios em dólar

O Cepea projeta que as exportações devem seguir em alta, especialmente em volume, sustentadas pela perspectiva de novo recorde da safra nacional de grãos (GDM/Divulgação)

O Cepea projeta que as exportações devem seguir em alta, especialmente em volume, sustentadas pela perspectiva de novo recorde da safra nacional de grãos (GDM/Divulgação)

Esfera Brasil
Esfera Brasil

Plataforma de conteúdo

Publicado em 22 de junho de 2025 às 09h38.

Apesar do cenário adverso no comércio internacional, com as recentes tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, o agronegócio brasileiro registrou uma alta no faturamento com exportações nos quatro primeiros meses de 2025. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, as vendas externas do setor somaram US$ 52,8 bilhões entre janeiro e abril, o que representa um aumento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024.

O bom desempenho é atribuído, principalmente, à valorização dos preços médios em dólar – que subiram 5,3% no período – já que o volume embarcado diminuiu 3,5%. Produtos como café e suco de laranja puxaram a alta de receita, impulsionados por uma combinação de baixa oferta no mercado global e demanda firme. Carnes, celulose, algodão e óleo de soja lideraram o avanço em volume exportado.

Entre os destaques, o complexo de carnes respondeu por US$ 9,2 bilhões em exportações, representando 18% do total arrecadado pelo agro no quadrimestre. Em relação ao mesmo período de 2024, o crescimento foi de 20%. A maior parte da carne bovina foi destinada à China, enquanto os Estados Unidos mantiveram fluxo relevante mesmo após o anúncio de tarifa.

Em abril, o governo estadunidense, sob a gestão do presidente Donald Trump, anunciou a cobrança de uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações brasileiras, dentro de um pacote de "tarifas recíprocas" contra países com medidas consideradas protecionistas. Produtos como aço e alumínio seguiram com alíquotas específicas de 25%. Ainda assim, as importações norte-americanas de carne bovina e suco de laranja do Brasil se mantiveram elevadas.

Projeção

No setor florestal, que inclui madeira, celulose e papel, o faturamento chegou a US$ 5,7 bilhões no quadrimestre – alta de 9% e 11% de participação no total das exportações do agro. A madeira teve os EUA como principal destino (42% do total exportado), enquanto a celulose foi majoritariamente enviada à China (48%).

O algodão também teve desempenho positivo, com aumento de 16,5% no volume exportado. Contudo, o preço médio da commodity caiu 13% em comparação ao mesmo período de 2024. De modo geral, a China manteve a liderança como principal destino das exportações do agronegócio, embora tenha reduzido sua fatia no valor total embarcado. Já Europa, EUA, Oriente Médio e Sudeste Asiático ampliaram sua participação no comércio com o Brasil.

O Cepea projeta que as exportações devem seguir em alta, especialmente em volume, sustentadas pela perspectiva de novo recorde da safra nacional de grãos. Ainda assim, há ressalvas quanto aos possíveis efeitos da política comercial estadunidense sobre o ambiente de negócios. O centro ressalta que, enquanto alguns mercados impõem barreiras, outros – como a China – oferecem espaço para ampliação da competitividade brasileira.

O histórico recente mostra a resiliência do setor. Em 2024, o Brasil exportou US$ 164,4 bilhões em produtos do agronegócio. Apesar do valor expressivo, o montante foi 1,3% menor do que o de 2023, puxado pela queda no volume e nos preços de milho e soja – principais componentes do complexo exportador brasileiro. 

Em contrapartida, algodão em pluma, café, açúcar e carne bovina apresentaram crescimento nas exportações em 2024, tendência que se fortaleceu nos primeiros meses de 2025.

Acompanhe tudo sobre:Agronegócio

Mais de Esfera Brasil

Vínculos temporários e autonomia devem ser debatidos na reforma administrativa

Conflito entre Israel e Irã pressiona mercados globais e acende alerta sobre petróleo

Alta de commodities e incertezas sobre os EUA de Trump puxam dólar para baixo

Maior oferta de energia e plano de incentivo podem calibrar investimentos em data centers