A tecnologia permite a interconexão entre objetos físicos e a internet para troca automática de dados
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Publicado em 22 de junho de 2025 às 09h46.
A chamada Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) vem ganhando espaço no Brasil, tanto no cotidiano das pessoas quanto no ambiente corporativo. A tecnologia, que permite a interconexão entre objetos físicos e a internet para troca automática de dados, tem se consolidado como uma das principais ferramentas da transformação digital.
A tendência ganha ainda mais força com a integração da inteligência artificial (IA), que amplia as possibilidades de automação, análise de dados e eficiência operacional. De acordo com a pesquisa “Panorama da IoT no Brasil 2025”, realizada pela Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) em parceria com o portal TI Inside, 81,7% das empresas fornecedoras de soluções em IoT já oferecem ou estão desenvolvendo aplicações com IA embarcada.
Para o diretor de tecnologia da ABINC, Rogério Moreira, o movimento mostra que as companhias estão aprendendo a transformar dados em valor. À imprensa, porém, ele ressaltou que essa jornada exige infraestrutura robusta e um ambiente regulatório seguro.
Apesar dos avanços, a pesquisa aponta que o setor ainda enfrenta entraves importantes. O principal é o custo de implementação, apontado por 23,9% dos entrevistados, seguido por limitações na infraestrutura de conectividade (22,5%) e pela baixa adesão dos clientes (21,1%). Entre os usuários da tecnologia, os desafios mais citados são os custos (25%), a segurança e privacidade de dados (20%) e a dificuldade em encontrar fornecedores confiáveis (15%).
Outro fator que afeta o desenvolvimento da IoT no Brasil é a ausência de políticas públicas claras. Para 10% das empresas ouvidas, a regulamentação do setor é estratégica para garantir segurança jurídica, atrair investimentos e ampliar a confiança do mercado. Temas como proteção de dados, espectro de frequência e incentivos fiscais estão entre os pontos que exigem definição.
Uso prático
Nesse contexto, um dos movimentos recentes do Congresso foi a aprovação, na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei 4635/24 – que prorroga até 2030 os benefícios fiscais para dispositivos de IoT. A proposta amplia a validade da Lei 14.108/20, que reduziu a zero as taxas de fiscalização e contribuições incidentes sobre equipamentos de telecomunicação voltados à IoT. O texto ainda precisa ser aprovado em outras comissões e no Senado para entrar em vigor.
Na prática, a IoT já está presente em diversas áreas da vida cotidiana. Em casas, aparece em lâmpadas e eletrodomésticos conectados a aplicativos, assistentes virtuais e dispositivos de climatização inteligentes. No setor empresarial, é usada para controle de estoques, monitoramento de processos produtivos e manutenção preditiva. Já nas cidades, a tecnologia apoia sistemas de iluminação pública, trânsito e segurança urbana, sendo um dos pilares das chamadas cidades inteligentes.
Enquanto a IoT coleta grandes volumes de dados em tempo real, a IA é capaz de interpretá-los e gerar ações automáticas com base em padrões, previsões ou decisões otimizadas. Segundo a pesquisa da ABINC, 63,3% das empresas veem essa integração como a principal tendência para os próximos anos. A expansão do 5G também é apontada como fator decisivo por 13,3% dos entrevistados, ao possibilitar respostas rápidas e comunicação em tempo real entre dispositivos.