Esfera Brasil

Um conteúdo Esfera Brasil

O que é uma estratégia nacional de segurança econômica, e como isso poderia beneficiar o Brasil

Na União Europeia, a proposta se apoia em três pilares: fortalecer a competitividade, proteger áreas sensíveis e promover cooperação internacional

Em janeiro de 2024 foi apresentado um pacote com propostas para reforçar o controle de exportações e avaliar riscos de investimentos externos de empresas europeias (AFP/AFP)

Em janeiro de 2024 foi apresentado um pacote com propostas para reforçar o controle de exportações e avaliar riscos de investimentos externos de empresas europeias (AFP/AFP)

Esfera Brasil
Esfera Brasil

Plataforma de conteúdo

Publicado em 6 de agosto de 2025 às 09h50.

Diante de um cenário global cada vez mais instável – com guerras, disputas tecnológicas e interrupções em cadeias de suprimento – potências como Estados Unidos e União Europeia têm avançado na formulação de estratégias nacionais de segurança econômica. O objetivo é proteger setores críticos e garantir autonomia em insumos e tecnologias essenciais. O Brasil, por outro lado, ainda não tem um diagnóstico robusto de suas vulnerabilidades.

Para a União Europeia, a invasão russa à Ucrânia serviu como alerta. O bloco, que sofreu com a alta abrupta no preço do gás, desenvolveu em 2023 sua primeira Estratégia de Segurança Econômica. A proposta se apoia em três pilares: fortalecer a competitividade, proteger áreas sensíveis e promover cooperação internacional. Também foram identificadas quatro vulnerabilidades: cadeias de suprimento, infraestrutura crítica, vazamento de tecnologias e uso político de dependências econômicas.

O plano europeu tem desdobramentos práticos. Em janeiro de 2024 foi apresentado um pacote com propostas para reforçar o controle de exportações, endurecer a triagem de investimentos estrangeiros e avaliar riscos de investimentos externos de empresas europeias. As tecnologias consideradas mais sensíveis incluem semicondutores, inteligência artificial, biotecnologia e computação quântica – campos onde a dependência externa pode significar perda de soberania.

Nos Estados Unidos, iniciativas similares já vêm sendo implementadas há anos, com destaque para o Comitê sobre Investimentos Estrangeiros (CFIUS, na sigla em inglês), responsável por barrar aquisições que ameacem a segurança nacional. A agenda norte-americana tem uma proposta mais assertiva e, muitas vezes, unilateral. Ainda assim, o discurso recente converge com o europeu no conceito de desrisking, ou seja, reduzir riscos sem romper totalmente os laços comerciais, especialmente com a China.

Vulnerabilidades

O contraste com o Brasil é notável. O País possui uma Estratégia Federal de Desenvolvimento (EFD 2020–2031), que define diretrizes amplas para crescimento econômico, infraestrutura e inclusão social. Contudo, embora o plano cite desafios como aumento da produtividade, integração comercial e proteção da propriedade intelectual, ele não aborda diretamente riscos associados a dependências tecnológicas ou cadeias estratégicas globais.

O Brasil tampouco dispõe de uma política formal de triagem de investimentos estrangeiros – medida que se tornou padrão em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Especialistas alertam que, para evitar vulnerabilidades futuras, o Brasil precisa mapear setores críticos e avaliar sua exposição em cadeias globais como energia, saúde, tecnologia da informação e alimentos. A partir desse diagnóstico seria possível desenvolver políticas de incentivo à produção local, proteção de dados sensíveis e estabelecimento de protocolos para investimentos estratégicos.

Acompanhe tudo sobre:BrasilUnião EuropeiaEconomia

Mais de Esfera Brasil

Tarifaço de Trump é oportunidade para setor farmacêutico brasileiro, diz Padilha

Inteligência artificial na medicina é aliada ou substituta?

Congresso volta às atividades: entenda o que está em jogo

Do Pix ao Drex: como o Brasil se aproxima da revolução financeira da China