A eficácia dessas medidas dependerá de diversos fatores, incluindo a resposta do setor produtivo e a evolução do cenário econômico global (Ricardo Stuckert/PR)
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Publicado em 11 de março de 2025 às 19h21.
Um conjunto de medidas para reduzir o preço dos alimentos – com foco na isenção de tarifas de importação sobre itens como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva – foi foco do anúncio feito pelo governo federal na última quinta-feira, 6. A iniciativa, apresentada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, busca aumentar a competitividade no mercado interno e forçar uma redução de preços, beneficiando os consumidores. No entanto, ainda não há estimativas precisas sobre o impacto financeiro dessas ações.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou que a queda nos preços pode não ocorrer na velocidade esperada. Ele ressaltou que a estratégia do governo envolve não apenas a isenção de tarifas, mas também ações diplomáticas para ampliar mercados de exportação, garantindo equilíbrio comercial. Além disso, o governo pretende dialogar com os estados para tentar reduzir o ICMS sobre itens da cesta básica, em uma tentativa de diminuir ainda mais os custos ao consumidor final.
Outra medida anunciada é uma campanha de comunicação para informar a população sobre onde encontrar preços mais baixos nos supermercados. O governo busca estimular a concorrência sem adotar mecanismos de controle ou tabelamento de preços, apostando na transparência como ferramenta para pressionar o mercado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou preocupação com a alta dos preços, citando especificamente o caso do ovo, que, segundo ele, “saiu do controle”. Lula afirmou que o governo pretende investigar os fatores que influenciam os preços, incluindo possíveis distorções na cadeia de distribuição. Ele defendeu uma abordagem pacífica para resolver o problema, mas não descartou medidas mais drásticas caso as soluções adotadas não surtam efeito.
O governo também argumenta que a redução das tarifas de importação não deve prejudicar os produtores nacionais. Alckmin explicou que a medida visa complementar o abastecimento interno e que a maioria dos produtos contemplados tem um volume de importação relativamente pequeno. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, reforçou essa visão, afirmando que a competição gerada pela importação pode ser benéfica para o mercado interno.
Embora a isenção tarifária possa ajudar a reduzir os preços de alguns alimentos, fatores como demanda externa, custos logísticos e variações climáticas também influenciam os valores no mercado nacional. O próprio governo reconhece que precisará monitorar os efeitos das ações ao longo do tempo para avaliar sua eficácia.
Além das políticas de importação, a expectativa de uma “supersafra” pode contribuir para a queda dos preços. O Plano Safra, que já está em vigor, busca incentivar a produção agrícola, garantindo financiamento e suporte aos produtores. Se a colheita for bem-sucedida, o aumento da oferta de alimentos no mercado interno pode ajudar a estabilizar os preços.
A eficácia dessas ações dependerá de diversos fatores, incluindo a resposta do setor produtivo e a evolução do cenário econômico global. O governo seguirá acompanhando os desdobramentos e pode adotar novas estratégias caso os preços não se estabilizem nos próximos meses.