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Os recados de Milei ao sistema financeiro mundial em Davos

Em mensagem carregada por ideologia, presidente argentino defende ausência estatal na economia como solução para o cenário global

Milei defendeu bandeiras da direita em Davos e argumentou que os direitos individuais têm sido sacrificados por uma pretensa coletividade (Zak Bennett/AFP)

Milei defendeu bandeiras da direita em Davos e argumentou que os direitos individuais têm sido sacrificados por uma pretensa coletividade (Zak Bennett/AFP)

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Publicado em 27 de janeiro de 2025 às 10h40.

O papel do Estado na sociedade deve se restringir à defesa do direito à vida, à proteção da liberdade dos indivíduos e também à garantia do direito de propriedade de cada cidadão. Essa mensagem foi o ponto central do discurso do presidente da Argentina, Javier Milei, no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos na última semana.

Segundo Milei, ao assumir qualquer outra função, o Estado dá margem para que ocorram distorções, como o excesso de regulações, que, na visão dele, prejudica o crescimento econômico e afeta especialmente os mais pobres.

“Hoje, assistimos a um esgotamento global deste sistema que nos dominou nas últimas décadas. Tal como aconteceu na Argentina, no resto do mundo se acentua o único conflito relevante deste século e de todos os que já passaram: o conflito entre os cidadãos livres e a casta política que se apega à ordem estabelecida, redobrando a sua esforços de censura, perseguição e destruição”, afirmou.

“Dado que o mercado é um mecanismo de cooperação social onde os direitos de propriedade são trocados voluntariamente, qualquer falha do mercado é uma contradição nos seus próprios termos. A única coisa que essa intervenção gera são novas distorções no sistema de preços, o que por sua vez dificulta o cálculo económico, a poupança e o investimento e, portanto, no final, acaba por gerar mais pobreza ou um emaranhado imundo de regulamentações. Por exemplo, aqueles que existem na Europa, matando o crescimento econômico”, continuou.

De acordo com dados oficiais, a inflação na Argentina alcançou 117,8% no ano passado. Isso representa um recuo de quase 94 pontos percentuais em relação aos 211,4% de 2023. Dono de opiniões polêmicas, o libertário Milei assumiu a Casa Rosada há pouco mais de um ano, prometendo equilibrar as contas públicas e controlar a alta volatilidade dos preços, que asfixia o poder de comprar dos argentinos há décadas. Críticos à sua gestão, no entanto, têm chamado atenção para o custo social dessa agenda de reformas.

Dados do relatório “Argentina século XXI: Dívidas sociais crônicas e desigualdades crescentes”, divulgado pelo Observatório da Dívida Social Argentina, mostram que a pobreza alcançou 57,4% dos argentinos em janeiro do ano passado, ou seja, 27 milhões de pessoas.

Batalha contra o wokismo

O discurso em Davos foi recheado por elementos ideológicos. Além de dizer que, nas úlimas décadas, a defesa de uma pretensa coletividade tem sacrificado os direitos individuais, Milei disse que “o wokismo é um câncer que precisa ser estirpado da sociedade” e se posicionou contra o aborto, a tipificação do crime de feminicídio e o direito de minorias, como as pessoas LGBTQIAP+.

Aos presentes, o líder argentino afirmou que não está sozinho e acenou a nomes que têm engajado globalmente o campo da direita, como a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, o presidente de Israel, Benjamin Netanyahu, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.

“O que parecia ser uma hegemonia global absoluta da esquerda acordada na política, nas instituições educativas, nos meios de comunicação, em organizações supranacionais ou em fóruns como Davos, tem vindo a ruir e começamos a vislumbrar uma esperança para as ideias de liberdade”, defendeu.

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