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Qual pode ser o efeito do tarifaço de Trump sobre a inflação no Brasil?

Com tarifas elevadas, a tendência é que parte da produção antes exportada para os EUA seja redirecionada ao mercado interno

Embora as tarifas anunciadas por Donald Trump possam gerar algum alívio na inflação do Brasil, o impacto deve ser modesto e concentrado em poucos itens ( JIM WATSON/AFP/Getty Images)

Embora as tarifas anunciadas por Donald Trump possam gerar algum alívio na inflação do Brasil, o impacto deve ser modesto e concentrado em poucos itens ( JIM WATSON/AFP/Getty Images)

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Publicado em 11 de agosto de 2025 às 22h23.

tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros pode gerar algum alívio na inflação do País, mas o impacto deve ser modesto e concentrado em poucos itens, segundo economistas e estimativas do mercado. A expectativa inicial de redução no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) girava em torno de 0,2 ponto percentual, mas caiu para próximo de 0,1 ponto percentual após o governo estadunidense anunciar uma ampla lista de exceções.

A lógica é que, com tarifas elevadas, parte da produção antes exportada para os EUA – especialmente carne, café e etanol – seja redirecionada ao mercado interno, aumentando a oferta e pressionando os preços para baixo. Porém, fatores como a valorização recente da arroba do boi gordo, a possibilidade de encontrar novos mercados e a resistência de alguns preços a cair reduzem o potencial desse efeito.

A gestora Buysidebrazil estima um impacto total de até 0,24 p.p. no IPCA, considerando quedas projetadas de 5% nos preços da carne bovina e 10% no café. No caso do etanol, a estimativa é de impacto direto de 0,01 p.p., chegando a 0,03 p.p. com o efeito indireto via preço da gasolina. 

Mesmo assim, analistas ponderam que parte desse excedente pode ser absorvida por outros compradores, como a China, que já responde por mais da metade das exportações brasileiras de carne bovina, e a Alemanha, que tem peso similar ao dos EUA nas compras de café.

Queda temporária

Ministério da Fazenda também considera prematuro avaliar o impacto final sobre os preços. O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, afirmou à imprensa que, mantidas as tarifas, a exportação de determinados produtos para os EUA pode cair significativamente, mas reforça que produtores tendem a diversificar destinos. Além disso, produtos básicos da pauta exportadora, como petróleo e aço, costumam ser redirecionados mais facilmente a outros mercados, limitando os efeitos internos.

Economistas destacam que, mesmo que o efeito sobre a inflação seja positivo, ele parte de uma situação desfavorável para os produtores, que veem sua rentabilidade comprimida. O alívio, portanto, não é sustentável no médio prazo. No caso de produtos como frutas tropicais, por exemplo, a queda de preços tende a ser temporária, voltando a subir quando a produção se ajustar à nova demanda.

O consenso é que o tarifaço, apesar de gerar algum respiro momentâneo nos índices de preços, dificilmente terá força para mudar de forma significativa a política monetária ou as projeções de inflação. A trajetória dos preços no Brasil deve seguir mais dependente de fatores internos, como câmbio, safras agrícolas e demanda doméstica, do que de medidas externas pontuais.

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