Setor mineral brasileiro contribui diretamente para diferentes setores da economia dos Estados Unidos, como a indústria aeronáutica e bélica (Cedro Participações/Divulgação)
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Publicado em 31 de julho de 2025 às 23h19.
Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) aponta que 25% das exportações minerais brasileiras destinadas ao mercado norte-americano serão afetadas pelo aumento das tarifas a partir de 6 de agosto, data prevista para o início da vigência da nova taxação.
Com grande parte dos embarques para o exterior feitos in natura, o setor mineral brasileiro contribui diretamente para diferentes setores da economia dos Estados Unidos, como a indústria aeronáutica e bélica. Ainda segundo o Ibram, não foram contemplados pelo aumento tarifário os minerais caulim, cobre, manganês, vanádio, bauxita e algumas pedras e rochas ornamentais.
“A pauta dos minerais estratégicos foi usada como barganha no caso da China e também em relação ao apoio militar norte-americano à Ucrânia. Esse movimento é motivado pela visão de que depender do mercado chinês nessa área seria uma ameaça à soberania norte-americana”, apontou o advogado Victor Taranto, do Barral Parente Pinheiro Advogados, e especialista em Direito Minerário.
“Tem uma questão de imprevisibilidade. Porque a gente não sabe como vão escalar as negociações entre os dois países”, completou Taranto.
Alckmin em São Paulo
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, esteve na capital paulista nesta quinta-feira, 31, onde se encontrou com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva. Em entrevista à TV Globo, ele não descartou ir ao encontro de representantes do governo americano em Washington.
“Nós estamos trabalhando para que a diminuição da alíquota seja para todos. Não tem justificativa você ter uma alíquota de 50% para um país que é um grande comprador. Você tem uma balança comercial superavitária”, afirmou o vice na terça-feira, 29, em entrevista coletiva realizada em Brasília.
Na visão do colíder da equipe de Direito Internacional no escritório Barral Parente Pinheiro Advogados, Celso Figueiredo, as exceções anunciadas pelo governo Trump e a prorrogação do início da taxação dão fôlego para os negociadores brasileiros. Segundo ele, temas como um eventual perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro ou a regulação das big techs não devem ser levados à mesa, e o diálogo deve priorizar aspectos técnicos.
“O Brasil consegue estar na mesa de negociação um pouco mais tranquilo. O sentimento é de alívio, com a exceção dada para o minério de ferro, por exemplo. Abre-se de fato espaço para negociação entre os governos”, afirmou.