Embora o Brasil não exporte veículos acabados para os EUA, as novas taxas podem afetar tanto a oferta de automóveis no país quanto a indústria nacional de autopeças ( Matthias Balk/picture alliance/Getty Images)
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Publicado em 3 de abril de 2025 às 17h02.
A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de importação de 25% sobre carros e autopeças pode trazer repercussões indiretas para o mercado automotivo brasileiro. Embora o Brasil não exporte veículos acabados para os EUA, as novas taxas podem afetar tanto a oferta de automóveis no país quanto a indústria nacional de autopeças.
Com a taxação, países como México, Coreia do Sul e Japão – grandes exportadores para os EUA – podem buscar novos mercados para escoar seu excedente de produção. O Brasil, que possui um acordo de livre comércio com o México desde 2019, pode ser um dos destinos desses veículos. Essa movimentação tende a aumentar a oferta de modelos importados no país, mas especialistas apontam que não há indícios de um impacto significativo nos preços.
A demanda brasileira por automóveis cresceu apenas 2,9% neste ano, um ritmo inferior ao registrado no mesmo período de 2023 (12%), o que limita oscilações de preços. A competição com fabricantes chineses, que buscam consolidar sua presença no Brasil, também deve manter os preços relativamente estáveis. Contudo, o aumento da oferta pode incentivar uma diversificação do portfólio de veículos disponíveis no mercado nacional.
Outro impacto relevante pode ocorrer na cadeia produtiva de autopeças. Em 2023, o Brasil exportou US$ 308 milhões em peças automotivas para os EUA, que são o segundo maior destino desses produtos – atrás apenas da Argentina. Caso as tarifas também sejam estendidas a esse segmento, a indústria nacional pode sofrer com redução de demanda, produção ociosa e até fechamento de empresas.
A medida adotada por Trump gerou preocupações em diversos mercados. Grandes fabricantes, como Ford, GM, Volkswagen e Honda, viram suas ações caírem após o anúncio. Nos EUA, a expectativa é de que os preços de veículos e peças importadas subam entre 15% e 20%, gerando um impacto inflacionário.
A Tesla, que produz localmente, pode se beneficiar da medida, ganhando competitividade em relação a concorrentes que dependem de importação. Essa nova dinâmica pode alterar o equilíbrio de mercado e abrir oportunidades para montadoras que já operam nos Estados Unidos.
No Brasil, o impacto dependerá do volume de veículos e peças redirecionados para o país e da reação da indústria local. Apesar das incertezas, especialistas avaliam que, no curto prazo, o setor deve se adaptar sem grandes oscilações de preços, enquanto o mercado de autopeças enfrenta um cenário mais desafiador.