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A biomassa pode liderar transição energética no Brasil?

Com alta oferta de resíduos e novas tecnologias, país pode se destacar na bioenergia global e no SAF

Biomassa: energia limpa a partir de resíduos agrícolas e florestais subutilizados (afihermatova/Envato)

Biomassa: energia limpa a partir de resíduos agrícolas e florestais subutilizados (afihermatova/Envato)

Publicado em 28 de maio de 2025 às 15h40.

Última atualização em 29 de maio de 2025 às 11h07.

O Brasil se destaca no cenário global da transição energética pela alta participação de fontes renováveis na matriz elétrica e pela forte presença dos biocombustíveis no transporte terrestre. Há, porém, outra possibilidade ainda pouco explorada: o uso da biomassa para gerar calor, eletricidade e biocombustíveis avançados.

A COP30, que ocorrerá em Belém, será uma oportunidade para o país se posicionar ainda mais como referência internacional nesse processo.

Biomassas subaproveitadas: o ouro energético escondido

Além da cana-de-açúcar, cujo bagaço já é amplamente aproveitado, uma ampla variedade de resíduos representa um verdadeiro tesouro energético ainda subutilizado.
No campo, destacam-se:

  • Casca de arroz (1,5 milhão de toneladas por ano, no Rio Grande do Sul)
  • Palha de soja (8 milhões de toneladas por ano, no Mato Grosso)
  • Capim-elefante, de crescimento acelerado
  • Palha e sabugo de milho
  • Resíduos florestais e podas urbanas

Além disso, o país gera mais de 300 milhões de toneladas anuais de esterco bovino, com potencial para gerar até 15% da eletricidade do país via biogás. No Nordeste, culturas adaptadas como a palma forrageira podem alimentar biodigestores, gerando biogás e biometano, fontes capazes de alimentar termelétricas ou substituir o diesel no transporte pesado.

Tecnologias ampliam o potencial energético da biomassa

A transformação dos resíduos vai além da queima direta. Tecnologias como a biodigestão anaeróbica produzem biogás, que pode ser purificado a biometano — um substituto direto do gás natural e do diesel.
A gaseificação permite a produção de gás de síntese, utilizável em motores, turbinas ou como insumo para químicos e combustíveis avançados. Já a pirólise resulta em bio-óleo e biochar, este último um importante condicionador de solos e sequestrador de carbono.

Essas tecnologias ampliam a viabilidade da biomassa como solução energética, ambiental e econômica.

Outro avanço promissor é a produção de combustível sustentável de aviação (SAF). A partir da gaseificação de resíduos, é possível atender à crescente demanda global por alternativas ao querosene fóssil. Com expertise em biocombustíveis e vasta disponibilidade de matéria-prima, o Brasil tem uma posição estratégica para liderar este mercado.

Biomassa na indústria e na COP30

Na geração de energia térmica, a biomassa já é a segunda maior fonte do Brasil, respondendo por 22% do consumo industrial. No entanto, o potencial é ainda maior: apenas 8% do aço brasileiro é produzido com carvão vegetal, e diversas indústrias — como as alimentícias, de alumínio, minerais e bebidas — podem migrar para vapor gerado a partir da biomassa.

A COP30 será uma vitrine para o Brasil apresentar soluções baseadas em resíduos que unem energia, clima e agricultura. O aproveitamento energético de rejeitos também reduz passivos ambientais, como as emissões de metano oriundas de aterros e da decomposição de matéria orgânica.
Além da geração de energia, subprodutos como o biochar contribuem para uma economia circular, devolvendo nutrientes ao solo e sequestrando carbono.

O Brasil tem a biomassa, a tecnologia e a urgência climática necessárias para se tornar líder global em bioenergia. Se combinarmos inovação, justiça energética e preservação ambiental, poderemos mostrar ao mundo a força transformadora dos resíduos e seu papel no desenvolvimento sustentável.

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