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A China é a esperança para um hidrogênio verde competitivo

País procura ultrapassar o entrave de custo por meio de eletrolisadores alcalinos

Hidrogênio verde: China aposta em megaprojetos para reduzir custos e liderar o setor. (Envato)

Hidrogênio verde: China aposta em megaprojetos para reduzir custos e liderar o setor. (Envato)

Rafael Kelman
Rafael Kelman

Colunista

Publicado em 6 de outubro de 2025 às 14h00.

Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 14h13.

O hidrogênio verde (H2V), ou hidrogênio (H2) é a molécula-chave para a transição energética global. Seu uso direto ou como insumo pode descarbonizar setores complexos e altamente poluentes, como o de aço e cimento, o de transporte pesado e a indústria química, em que a eletrificação direta não é viável.

Enquanto projetos de H2V na Europa e nos EUA, com base em subsídios, enfrentam cancelamentos e atrasos por falta de compradores dispostos a pagar o alto custo do produto, temendo a perda de competitividade, a China adota uma estratégia diferente e mais promissora: a integração vertical.

Essa abordagem busca economia de escala e redução de custos, e já transformou os mercados de energia solar, baterias e veículos elétricos. É essa a mesma abordagem que traz a esperança de que o H2V se torne globalmente competitivo em poucos anos.

Impulsionada por anos de investimento público em pesquisa e desenvolvimento, e com o forte apoio do governo, a China está massificando a produção de H2V. Regiões autônomas como Ningxia e Mongólia Interior integram esses projetos a grandes parques eólicos e solares para otimizar a tecnologia e a engenharia de sistemas.

Um exemplo é a planta da empresa chinesa Envision Energy, que produzirá 320 mil toneladas de amônia verde (produto derivado do H2V) por ano, com as exportações começando ainda neste ano. Um contrato de venda de amônia foi assinado com o grupo japonês Marubeni. A fábrica utiliza um sistema de energia renovável offgrid composto por parque solar e eólico, baterias e um modelo de previsão do tempo. Segundo a Envision, o sistema equilibra de forma dinâmica a energia renovável com a demanda da produção de amônia, garantindo uma produção contínua e econômica de combustível verde sem depender da rede elétrica. Projetos com escala ainda maior, superando 1 GW de eletrolisadores, vêm sendo anunciados para os próximos anos.

A China busca superar a barreira do alto custo do H2V por meio do desenvolvimento de eletrolisadores alcalinos que usam materiais de baixo custo, em contraste com a tecnologia PEM, mais usual, e que exige metais preciosos como a platina. Estima-se que o custo de produção na China já esteja próximo a US$ 3 por kg, e que ele possa cair para menos de US$ 2 até 2030, que seria um valor comparável ao do hidrogênio "cinza", produzido a partir de combustíveis fósseis.

Por muito tempo, a Europa foi vista como a líder da agenda verde global, impulsionando metas ambiciosas e tecnologias limpas. No entanto, com os recentes atrasos e desafios, o centro de gravidade da transição energética pode se deslocar para o oriente.

A cada megaprojeto concluído, a China se consolida como candidata para fazer a diferença, mais uma vez, na revolução da energia limpa.

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