Patrocínio:
Parceiro institucional:
Fotógrafo Sebastião Salgado em entrevista à Reuters 09/04/2013 REUTERS/Suzanne Plunkett (Suzanne Plunkett/Reuters)
Repórter de ESG
Publicado em 23 de maio de 2025 às 15h52.
Última atualização em 23 de maio de 2025 às 15h59.
Ao longo de sua carreira, o fotógrafo Sebastião Salgado, que faleceu nesta sexta-feira, 23, aos 81 anos, abordou um tema recorrente em muitas de suas obras: a Amazônia. Além de retratar a imensidão da floresta, dos rios e da biodiversidade presente, o artista também deu visibilidade aos povos indígenas em seu trabalho.
Segundo Salgado, retratar a Amazônia também era uma forma de conhecer o bioma de perto. "Minha maior curiosidade, ainda nos anos 1980, era em relação ao ser humano que eu encontraria dentro da floresta amazônica, e que eu imaginava muito diferente de mim", afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo em 2022. “Descobri imediatamente que eles eram exatamente como eu. Tudo o que era sério e essencial para mim era sério e essencial para eles.”
A partir dos anos 2000, com o projeto Gênesis, que o levou a fotografar lugares intocados do planeta, Salgado mergulhou na região para mostrar a realidade e os rostos que compõem a floresta amazônica. Ali, pôde retratar as mudanças entre o bioma que conheceu em 1980 e vinte anos depois.
Na época, afirmou ver feridas na Amazônia: regiões que antes estavam virgens e preservadas passaram a exibir um cenário de destruição, influenciado pelas queimadas e pelo desmatamento ilegal.
O legado de Sebastião Salgado também está presente na Mata Atlântica. Em parceria com a esposa, a produtora gráfica e cinematográfica Lélia Deluiz Wanick Salgado, ele realizou por mais de 25 anos um trabalho de recuperação do bioma. Ao todo, mais de 2,5 milhões de árvores nativas foram plantadas em uma reserva natural.
O trabalho começou com a recuperação da vegetação em uma área de floresta da família de Salgado, em Minas Gerais. O casal fundou o Instituto Terra, que atua no reflorestamento desde a coleta de sementes até o cultivo e plantio das mudas.
Antes coberto por pasto e grama seca, o local se transformou em uma floresta de mais de 600 hectares, abrigando centenas de espécies da fauna e flora.
Em nota publicada em uma rede social, o Instituto Terra lamentou o falecimento do fotógrafo:
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação.”
O post ainda ressalta que Salgado ajudou a consolidar a ideia de que “a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade”. A nota afirma que o Instituto seguirá honrando seu legado por meio do cultivo da terra, da justiça e da beleza que ele “tanto acreditou ser possível restaurar”.
Na próxima sexta-feira, 30, será inaugurada a exposição “Trabalhadores”, composta por 149 fotografias de Sebastião Salgado produzidas entre 1986 e 1992. As obras retratam formas de trabalho e vida em diferentes regiões do mundo, desde plantações de cana e garimpo no Brasil até a pesca na Sicília e a construção de barragens na Índia.
A exposição ficará em cartaz até 21 de setembro na Casa Firjan, Rio de Janeiro, com entrada gratuita.
Em São Paulo, é possível ver as obras mais recentes de Salgado no Museu da Imagem e do Som (MIS), que apresenta a exposição “50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal”. A exposição conta com fotos inéditas feitas no início da carreira do fotógrafo. As imagens em preto e branco mostram o momento em que o país europeu deixava a ditadura para trás e iniciava seu caminho pela democracia.
A mostra tem curadoria e cenografia de Lélia Salgado, que revisitou o acervo junto com Sebastião. A exposição quer refletir com o público sobre o papel da fotografia na documentação de transformações sociais.