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Amazônia perdeu 50 milhões de hectares em 40 anos e se aproxima do não retorno, diz Mapbiomas

Dados do MapBiomas mostram que bioma reduziu 13% de sua vegetação nativa desde 1985, com pastagens avançando 355% no período

A perda incidiu principalmente sobre formações florestais, que tiveram 49,1 milhões de hectares suprimidos (Ignacio Palacios/Getty Images)

A perda incidiu principalmente sobre formações florestais, que tiveram 49,1 milhões de hectares suprimidos (Ignacio Palacios/Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 15 de setembro de 2025 às 05h53.

A Amazônia perdeu quase 50 milhões de hectares de florestas nas últimas quatro décadas, segundo dados do MapBiomas divulgados nesta segunda-feira, 15. O levantamento, baseado em análises de imagens de satélite, revela que entre 1985 e 2024 o bioma perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa — uma redução de 13% em sua cobertura original.

A perda incidiu principalmente sobre formações florestais, que tiveram 49,1 milhões de hectares suprimidos no período. Em 2024, a vegetação nativa cobria 381,3% do bioma amazônico, enquanto 15,3% da área total estava ocupada por atividades humanas.

"A Amazônia brasileira está se aproximando da faixa de 20% a 25% prevista pela ciência como o possível ponto de não retorno do bioma, a partir do qual a floresta não consegue mais se sustentar", alerta Bruno Ferreira, pesquisador do MapBiomas.

Bioma está mais seco

O estudo também documenta o ressecamento progressivo da região. As áreas úmidas do bioma — que incluem superfície com água, floresta alagável, campo alagável, apicum e mangues — retraíram 2,6 milhões de hectares entre 1985 e 2024.

Os dados mostram que oito dos dez anos mais secos da série histórica foram registrados na última década. Em 2024, as áreas úmidas ocupavam 59,6 milhões de hectares.

A antropização da Amazônia se acelerou nas últimas décadas: 83% da área convertida para uso humano ocorreu a partir de 1985. No total, os usos antrópicos aumentaram 471% no período, crescendo 57 milhões de hectares.

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O avanço das pastagens liderou essa expansão, com crescimento de 43,8 milhões de hectares. As áreas de pasto saltaram de 12,3 milhões de hectares em 1985 para 56,1 milhões em 2024 — alta de 355%.

Em termos percentuais, a silvicultura teve o crescimento mais expressivo, aumentando mais de 110 vezes: de 3,2 mil hectares para 352 mil hectares. A agricultura cresceu 44 vezes no período, passando de 180 mil hectares para 7,9 milhões de hectares.

A mineração também ganhou relevância, expandindo de 26 mil hectares em 1985 para 444 mil hectares em 2024.

Soja reduz conversão direta de floresta

A soja ocupa 74,4% da área agrícola amazônica, totalizando 5,9 milhões de hectares em 2024. A maior parte dessa expansão (4,3 milhões de hectares) ocorreu após 2008, ano da assinatura da moratória da soja.

Porém, o acordo produziu resultados: a conversão direta de formação florestal para soja reduziu 68% após 2008, totalizando 769 mil hectares. No período pós-moratória, a soja cresceu principalmente sobre áreas já abertas — pastagens (+2,8 milhões de hectares) e agricultura existente (+1 milhão de hectares).

Rondônia se destaca como o estado com maior conversão de vegetação nativa em pastagens, que passaram de 7% do território estadual em 1985 para 37% em 2024. O estado também apresenta a menor proporção de vegetação nativa na Amazônia (60%), seguido por Mato Grosso (62%), Tocantins (65%) e Maranhão (67%).

Perda de vegetação

A região AMACRO — que inclui Amazonas, Acre e Rondônia — concentrou 14% da perda líquida de vegetação nativa amazônica em 40 anos. Na área, as pastagens aumentaram 11 vezes, ganhando 6,9 milhões de hectares. A maior perda ocorreu na última década (2015-2024), com 2,7 milhões de hectares convertidos.

A vegetação secundária — áreas desmatadas que estão em processo de regeneração — representa apenas 2% da cobertura vegetal amazônica, totalizando 6,9 milhões de hectares em 2024.

O desmatamento continua concentrado em áreas de vegetação primária: em 2024, 88% da supressão ocorreu nessas áreas, enquanto apenas 12% atingiu vegetação secundária.

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