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Apenas 54 países entregam NDCs: China decepciona e poluidores deixam lacuna antes da COP30

Análise da EXAME mostra que somente 4 dos 10 maiores emissores globais entregaram metas climáticas e especialistas avaliam que anúncio chinês ficou muito aquém para manter o 1.5ºC vivo

Os 10 maiores emissores globais representam 65% dos gases emitidos na atmosfera, sendo essenciais para conter o aquecimento global (Mark Garlick/Science Photo Library/Getty Images)

Os 10 maiores emissores globais representam 65% dos gases emitidos na atmosfera, sendo essenciais para conter o aquecimento global (Mark Garlick/Science Photo Library/Getty Images)

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 10h53.

Última atualização em 26 de setembro de 2025 às 10h58.

A menos de dois meses da COP30 em Belém do Pará, apenas 54 países entregaram suas metas climáticas (NDCs), menos de um terço dos membros signatários da ONU.

O prazo original foi prorrogado para setembro e mesmo em meio ao apelo da presidência brasileira durante a Semana do Clima de Nova York, há uma lacuna crítica para o enfrentamento da crise climática. 

No início da Assembleia Geral, 13 novas nações enviaram seus compromissos, mas nenhum estava entre os grandes poluidores: Libéria, Micronésia, Mongólia, Paquistão, Vanuatu, Chile, Tonga, Essuatíni, Honduras, Jamaica, Jordânia, Nigéria e Tunísia.

Na noite de quarta-feira, 24, durante a reunião de alto nível sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), um anúncio bastante esperado finalmente aconteceu: a China se comprometeu a reduzir de 7 a 10% das emissões até 2035, mas decepcionou pela falta de ambição.

O país asiático lidera o ranking de poluidores com 25% das emissões globais, seguido dos Estados Unidos (11%).

Entre 10 maiores emissores globais, quatro entregaram

Análise da EXAME revela que apenas quatro dos 10 maiores emissores globais entregaram suas NDCs, ao mesmo tempo que são responsáveis por cerca de 65% dos gases poluentes emitidos na atmosfera.

As entregas vieram da China, Estados Unidos, Brasil e Japão, mas os compromissos ainda são considerados insuficientes para manter o 1.5ºC do Acordo de Paris vivo, enquanto a Índia, União Europeia, Rússia, Indonésia, Irã e Coreia do Sul ainda são esperados antes da conferência climática. 

Segundo especialistas, o cenário é ainda mais preocupante quando se avalia a qualidade das metas entregues. No caso da China, a ciência recomenda uma redução mínima de 30% em suas emissões para limitar o aquecimento global.

"É um choque brutal num momento em que o planeta beira 1,5°C e a política climática insiste em ficar atrás da realidade econômica", avalia Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.

Para Natalie, a baixa ambição de Pequim somada ao desalinhamento de outros países, exige uma reação coletiva imediata em Belém.

"Estamos em um momento muito crítico e difícil. A COP30 vai precisar dar uma resposta a essa crise das NDCs. Estamos reféns de autoridades que não querem liderar", acrescentou.

À EXAME, Caroline Rocha, diretora de Políticas Públicas da LACLIMA, disse que a expectativa era de uma mensagem mais positiva da China para incentivar outros países em desenvolvimento a serem mais ambiciosos.

"Ao mesmo tempo que é péssimo, o país asiático tem um histórico de prometer pouco e fazer mais, então há chances de avançar em outros compromissos como expansão de renováveis", destacou. 

"Se a COP30 é a 'COP da verdade', Pequim não demonstrou que leva a ciência a sério na sua NDC", criticou Bernice Lee, da organização britânica Chatham House. "Havia espaço para a China ser mais ambiciosa, o que teria lhe rendido amplo reconhecimento global e em nítido contraste com os EUA", reagiu.

Os Estados Unidos, responsável por 11% das emissões globais, apresentaram uma meta de 61% a 66% de redução até 2035.

O Brasil, com 3% das emissões, foi um dos primeiros a entregar ainda na COP29 em Baku e estabeleceu[grifar] redução de 59% a 67%. Para chegar lá, o combate ao desmatamento é peça-chave.

Já o Japão propôs corte de 60%. Mesmo assim, todas NDCs submetidas no marco de 2035 ficam aquém do necessário, segundo análises.

Entre os ausentes estão países essenciais como a Índia, terceiro maior emissor com 8% das emissões globais e que não apresenta nenhuma atualização desde 2022.

A União Europeia, com 6% das emissões, prometeu entregar antes da COP30 uma meta de redução entre 66% e 72% até 2030, mas ainda não formalizou o compromisso e divulgou apenas uma carta de intenção em Nova York.

Para fechar a conta, Rússia (4% das emissões), Indonésia, Irã e Coreia do Sul também permanecem em silêncio enquanto o tempo se esgota, sem nenhuma evidência de que irão se pronunciar sobre as NDCs.

Metas insuficientes, crise se agrava

O problema vai além dos números. Nenhum dos grandes emissores alcançou sequer a classificação "quase suficiente" no monitoramento do Climate Action Tracker.

Os Estados Unidos estão classificados como "criticamente insuficiente", China, Coreia do Sul e Índia como "muito insuficiente", e Brasil e Japão como apenas "insuficiente".

Apenas nações menores parecem estar de acordo com NDCs adequadas, mostrando que países com maior responsabilidade histórica não estão liderando a transformação.

Em Nova York, o cenário se agravou com ausências e cancelamentos de última hora da Índia, Indonésia e Canadá, demonstrando uma clara resistência a pressões por maior ambição climática.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo profundo aos membros da organização: estabeleçam planos climáticos para 2035 que permitam cortes mais rápidos e profundos nas emissões antes da COP30. 

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