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Argentina busca destravar investimentos e se posicionar como potência no setor de óleo e gás

País busca consolidar novo modelo econômico que garanta mais estabilidade

Campo de gás natural de Vaca Muerta, na Argentina.  (Bloomberg/Bloomberg)

Campo de gás natural de Vaca Muerta, na Argentina. (Bloomberg/Bloomberg)

Weslly Morais
Weslly Morais

Colunista

Publicado em 6 de março de 2025 às 14h00.

A Argentina está se consolidando como um importante agente no setor de óleo e gás na América Latina, com ambições de expandir suas operações globalmente via exportação de gás natural liquefeito (GNL). A principal razão é a exploração do recurso na região de Vaca Muerta, na província de Neuquén, que abriga a segunda maior reserva de gás de xisto do mundo, além de 16,2 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, o equivalente a cerca de 30% das reservas do pré-sal brasileiro. Em 2024, Vaca Muerta representou 55% da produção de petróleo e 50% da produção de gás da Argentina.

O avanço da exploração tem sido impulsionado por investimentos do setor privado e do governo. Um exemplo é o gasoduto Perito Francisco Moreno, concluído em julho de 2023, com 573 km de extensão e investimentos de US$ 2,5 bilhões, permitindo o transporte de gás para a Grande Buenos Aires.

O cenário futuro é promissor, com diversas iniciativas em infraestrutura de GNL. A Golar LNG firmou um contrato de 20 anos com a Pan American Energy (PAE) para implantar uma embarcação de liquefação flutuante até 2027. Paralelamente, a YPF SA, estatal argentina, planeja um projeto similar a ser implementado no mesmo ano, além de ter fechado uma parceria com a Shell para o projeto "Argentina LNG" no Rio Negro. Com investimentos estimados em US$ 50 bilhões, o projeto pode posicionar a Argentina entre as cinco maiores exportadoras de GNL do mundo.

Existem planos para exportação de gás ao Brasil por diferentes rotas:

  • Via Bolívia, aproveitando o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol);
  • Via Paraguai, com um novo gasoduto pelo Chaco paraguaio;
  • Conexão com o Rio Grande do Sul via Argentina (subestação Uruguaiana);
  • Interconexão com o Rio Grande do Sul via Uruguai;
  • Exportação via GNL.

Atualmente, o Brasil já tem acordo de importação de gás argentino via Bolívia, com previsão de crescimento de 2 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) em 2025 para 30 milhões de m³/d até 2030. Este valor representa cerca de 20% da demanda brasileira em 2024. Para viabilizar essa exportação, são necessários investimentos em infraestrutura nos dois países.

Para destravar investimentos estratégicos, o governo argentino lançou, em julho de 2024, o “Régimen de Incentivos para Grandes Inversores” (RIGI). O programa proporciona segurança jurídica e incentivos fiscais, aduaneiros e cambiais para projetos de mais de US$ 200 milhões. O RIGI já atraiu alguns investimentos, como o oleoduto Vaca Muerta Oil Sur e um projeto de GNL liderado por Shell e YPF.

As reformas econômicas promovidas pelo governo de Javier Milei mostram alguns efeitos macroeconômicos positivos, incluindo o primeiro superávit primário desde 2010, redução da inflação e juros, melhora na percepção de risco pelos investidores e aumento de reservas cambiais.

O governo argentino aposta que as reformas estruturais e o RIGI atrairão capital estrangeiro e impulsionarão um crescimento econômico sustentado, quebrando o ciclo de crises da última década. A expectativa é que o programa atue como um motor de recuperação, criando um ambiente favorável a investimentos nos setores de energia e infraestrutura. Com essas medidas, o país busca consolidar um novo modelo econômico, que garanta estabilidade e desenvolvimento a longo prazo.

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