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Após polêmica, organização da COP30 afirma que a culinária paraense será incorporada ao evento e que o detalhamento final dos cardápios será definido após a seleção dos fornecedores. (Matheus Cunha / Aberje/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 08h24.
Última atualização em 19 de agosto de 2025 às 08h48.
Produtores e empreendedores de Belém se reúnem nesta terça-feira, 19 de agosto, para conhecer melhor as oportunidades de fornecimento de alimentos durante a COP30.
Uma audiência pública acontece das 9h30 às 12h no Teatro Estação Gasômetro e promete esclarecer dúvidas sobre o edital que vai selecionar os operadores de restaurantes e quiosques oficiais da conferência climática da ONU.
Anunciada no fim da tarde segunda-feira, 18, o encontro é organizado pelo governo federal em parceria com a Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) e os governos estadual e municipal.
Durante a apresentação, os interessados poderão conhecer o cronograma do edital, os requisitos técnicos para participar, os critérios de sustentabilidade exigidos e como funcionam os procedimentos de inscrição e seleção.
A conversa será aberta para perguntas dos produtores locais, que poderão tirar dúvidas específicas sobre suas áreas de atuação.
O edital prevê a instalação de 87 estabelecimentos divididos em seis categorias diferentes de cardápio. Uma das principais exigências é que pelo menos 30% dos ingredientes utilizados sejam de origem local ou venham da agricultura familiar da região.
Para quem não conseguir participar da audiência, a organização programou plantões tira-dúvidas presenciais.
O primeiro será na quarta-feira, 20 de agosto, das 10h às 12h. O segundo acontece na quinta-feira, 21 de agosto, das 17h às 19h. Ambos na sede da Secretaria Extraordinária para a COP30, localizada no prédio do Banco do Brasil, no bairro Campina, em Belém.
Esses plantões funcionam como suporte técnico para quem pretende concorrer às vagas para operar restaurantes e quiosques nas Zonas Azul e Verde da COP30. A conferência está programada para acontecer entre os dias 10 e 21 de novembro, reunindo delegações de todo o mundo na capital paraense.
O edital de alimentação da COP30 passou por uma reviravolta que envolveu discussões sobre a presença da culinária amazônica no evento. Quando foi publicado no dia 12 de agosto, o documento trazia uma lista de alimentos proibidos que incluía açaí, tucupi e maniçoba, pratos tradicionais da região.
A justificativa apresentada pela OEI foi de risco sanitário, alegando que o açaí poderia transmitir a doença de Chagas se não fosse pasteurizado e que tucupi e maniçoba seriam perigosos se preparados incorretamente.
A decisão gerou reação imediata de entidades ligadas à gastronomia e produção amazônica. Organizações como Abrasel, Fiepa, Sebrae, Fecomércio-PA, Slow Food Brasil e Instituto Regenera divulgaram uma nota conjunta criticando o que chamaram de preconceito cultural com a região.
As entidades argumentaram que esses produtos são naturais, consumidos diariamente por milhões de pessoas e já contam com controles sanitários adequados.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, chamou a medida de "erro grave" e prometeu que o edital seria corrigido.
Ele lembrou que Belém é reconhecida pela Unesco como Cidade Criativa da Gastronomia desde 2015 e recebeu recentemente o prêmio da Lonely Planet como uma das dez melhores gastronomias do mundo.
Em suas redes sociais, Sabino disse que a reação foi justificada e que trabalhou junto aos organizadores para garantir que a "COP da floresta seja também a COP da gastronomia paraense".
No sábado, 16 de agosto, a OEI publicou uma correção excluindo completamente a lista de itens proibidos. O documento revisado mudou a redação para uma versão mais genérica, determinando apenas que devem ser retirados produtos que não atendam às normas sanitárias nacionais.
O site oficial da COP30 confirmou que a culinária paraense será incorporada ao evento e que o detalhamento final dos cardápios será definido após a seleção dos fornecedores.