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Ausência de combustíveis fósseis em texto final infelizmente não é surpresa, diz cientista

Segundo Carlos Nobre, líder do Pavilhão da Ciência, documento é incoerente com as discussões e evidências apresentadas na COP30

Carlos Nobre: documento é incoerente (Leandro Fonseca /Exame)

Carlos Nobre: documento é incoerente (Leandro Fonseca /Exame)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 13h07.

Última atualização em 21 de novembro de 2025 às 13h22.

BELÉM PARÁ A ausência de um roteiro para o fim do uso de combustíveis fósseis no rascunho do documento final da 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30) não surpreendeu. Na avaliação de Carlos Nobre, líder do Pavilhão Científico, falta adesão dos principais países produtores de petróleo para que a agenda avance.

“Não foi uma surpresa, porque isso já vinha sendo muito negociado e muitos países produtores de petróleo não estavam dispostos a assumir um compromisso de acelerar ou zerar o uso de combustíveis fósseis. Esse debate acontece desde o primeiro dia aqui”, afirmou Nobre em entrevista exclusiva à EXAME.

Segundo o cientista, ao deixar o tema de fora do Mapa do Caminho — o conjunto de ações que define etapas, prazos e metas concretas para atingir um objetivo comum — o documento se mostra incoerente com as discussões e evidências apresentadas durante a conferência.

“Veja a incoerência: o documento se chama ‘Belém 1.5’. Para que esta COP seja tão importante quanto o Acordo de Paris de 2015 é preciso coerência. Se não houver uma meta de zerar, no máximo até 2045, o uso de todos os combustíveis fósseis, poderemos ultrapassar 2 graus em 2050”, afirma.

As críticas de Nobre somam-se às manifestações de diversos ambientalistas. A nova versão do rascunho do documento final, divulgada na madrugada desta sexta-feira, 21, foi duramente criticada por cientistas, que a classificaram como “o maior risco que o planeta já viveu” e uma “traição à ciência e às pessoas”.

As reações negativas concentram-se justamente na ausência de um “mapa do caminho” para eliminar os combustíveis fósseis — lacuna que também motivou protestos de várias delegações internacionais.

Em nota, o Conselho Científico da COP30 disse que as 'palavras combustíveis fósseis estão completamente ausentes do texto mais recente', ainda que muitos países tenha se unido em torno de roteiros para acabar com a dependência do principal vilão do aquecimento global.

O papel do Brasil na COP30

O chamado “mapa do caminho” foi uma das principais demandas apresentadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Cúpula de Líderes que antecedeu a COP30 — proposta que também recebeu apoio do secretário-geral da ONU, António Guterres, em discurso realizado na quinta-feira, 20.

Segundo Carlos Nobre, desde o início da COP30 o Brasil tem reforçado a necessidade de um roteiro claro para o fim do uso de combustíveis fósseis.

Na avaliação do cientista, o país adotou um posicionamento firme sobre o tema, mas não consegue avançar sozinho diante da resistência de grandes produtores de petróleo.

“Na entrevista de quarta-feira, ele [Lula] afirmou com clareza a necessidade de acelerar a redução do uso de combustíveis fósseis. Mas é um ponto muito negativo esse primeiro documento do rascunho não ter nenhuma referência aos combustíveis fósseis. Isso não pode”, afirma.

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